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O programa Ficha Técnica vai ao ar todas as quintas-feiras às 22 horas, com reprises aos sábados às 15 horas. Com uma proposta de levar informações técnicas, curiosidades e contextualizar os álbuns de artistas nacionais, “Ficha Técnica” mescla música e conhecimento sobre grandes produções artísticas.


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28/11/2019 22h30 Áudio

Ficha Técnica: Acústico MTV - Cidade Negra

COMPRO GIRASSÓIS PARA NÃO ESQUECER -- Faz dois anos que ela se foi e ainda não me acostumei. Também pudera: quarenta e dois anos sob o mesmo teto, o mesmo café amargo, o perfume, dilemas de viver a dois, preocupações e alegrias. Me lembro quando a gente discutia, fechava a cara e passava dois dias (ou mais) sem trocar uma palavra. Hoje, a falta dela grita, e eu só queria a oportunidade de trocar uma palavra, apenas uma. Com o passar dos anos e a idade que chega, percebo que a memória começa a dar sinais de desgaste. Eu, preocupado, andei tomando uns remédios, uns chás que comprei na feira, mas não sei se ajudou. Tudo o que eu quero é nunca me esquecer dela. Para isso, criei uma estratégia. Ela amava girassóis. Sempre que vejo um girassol, eu lembro dela, do sorriso, do olhar que me explicava tudo e que era tudo o que eu precisava. Uma vez por semana, vou à feira assim que acordo. Além de comprar frutas, verduras e legumes, eu aproveito para comprar belos girassóis. Em casa, coloco as flores num vaso azul, de porcelana, que ela adorava. O vaso fica sempre no mesmo lugar, perto da janela da sala, com vista para o quintal. Todos os dias, eu converso com as flores, olho para elas, cuido delas e deixo ali um pouco do meu amor, da minha saudade. Hoje, ao olhar os girassóis, eu senti o quanto essas flores me falam sobre amor, sobre esperança e sobre a beleza de lembrar, cuidar e ignorar distâncias que jamais existirão. Os girassóis me lembram que ela vive em mim, é parte de mim, imensidão.


14/11/2019 22h40 Áudio

Ficha Técnica: Lado B, Lado A - O Rappa

Nesta edição, diferente das outras que você acompanhou até agora, nós vamos ter uma abertura diferente. Para começar o programa, nós vamos ler o e-mail que recebemos do nosso ouvinte Edelson Santana.


01/11/2019 14h27 Áudio

Ficha Técnica: Com você… meu mundo ficaria completo - Cássia Eller

UMA CANÇÃO PARA CÁSSIA -- Um dia você se vê na missão de ter que escrever algo sobre Cássia Eller. Escuta várias canções, lê a respeito da vida dela para refrescar a memória, até toca algumas músicas no violão, mas parece que nada te inspira da maneira como você gostaria. E não quer dizer que Cássia não seja inspiradora. Pelo contrário! Escrever sobre Cássia Eller é como chover no molhado. Me entende? Parece que a gente roda, roda e não sai do lugar. Ou então, você sente que escreve um monte de coisas que, no fundo, todo mundo já disse. A verdade é que Cássia Eller inspirou alguns escritos tão bonitos e genuínos que o objetivo deste texto será diferente. Não vamos reproduzir informações sobre a vida dela, sobre a obra que ela deixou ou sobre as polêmicas nas quais se envolveu. O objetivo deste texto é apenas fazer um convite. Entre as músicas que foram escritas especialmente para Cássia Eller estão “Primeiro de julho”, composta por Renato Russo, e “All Star”, composição de Nando Reis. Tratam-se de dois artistas que conviveram com Cássia e usaram a música para eternizá-la. O nosso convite, portanto, é para que você ouça essas canções e sinta, pelas letras e melodias, toda força e suavidade de Cássia. Em “Primeiro de julho”, Cássia diz que é fera, bicho, anjo e mulher. Mais importante que isso, ela diz que é dela, só dela, e não de quem quiser. Esse é apenas um dos trechos da canção e retrata muito bem a vida de uma mulher sem medo de ser o que era e sem medo das opiniões que teria que enfrentar. Quando Renato escreveu essa música, Cássia estava grávida do filho Chicão. Por isso, a letra também diz que “alguma coisa aconteceu, do ventre nasce um novo coração”. E com esse coração, a cantora descobriu um mundo novo e aprendeu tantas lições. Em outra linda canção feita para Cássia, Nando Reis escreveu “estranho seria se eu não me apaixonasse por você”. Talvez não haja nada mais bonito a se dizer sobre alguém, admitir não ter forças, admitir a entrega diante de alguém tão incrível, tão especial. Assim era a relação entre Nando e Cássia. Afinidade, conexão... traduzidas em uma canção. A essa altura, você já deve ter percebido que este não é um texto sobre Cássia Eller. É apenas um simples convite, para ouvir canções que falam dela, para as quais ela foi inspiração. Ouça essas canções e inspire-se nessa mulher incrível que ela foi.


24/10/2019 22h40 Áudio

Ficha Técnica: Os afro-sambas - Baden Powell e Vinícius de Moraes

COMO LIDAMOS COM O AMOR -- As maneiras tóxicas com que muitos de nós lidamos com relacionamentos amorosos são resultado de uma construção social que começou faz muito tempo. Essa construção está refletida, entre outras coisas, nas expressões artísticas e culturais. Durante muito tempo, a rima mais óbvia para amor era dor e nós crescemos com a ideia de que para amar é preciso sofrer. Fomos educados (principalmente as mulheres) para romantizar esse sofrimento e reconhecê-lo como parte das relações. Não é por aí. Vinícius de Moraes rimou amor e dor diversas vezes, em canções e sonetos. Para o poetinha, “o tempo de amor é tempo de dor” e não se discute. Além disso, a famosa letra de Canto de Ossanha adverte: amor só é bom se doer. De fato, as relações humanas (sejam elas amorosas ou não) estão longe de ser um paraíso. Essas relações refletem nossos traumas, dificuldades, angústias e representam verdadeiros desafios. Não é fácil se relacionar com alguém e realmente estamos sujeitos a machucar e sermos machucados.No entanto, o sofrimento nos relacionamentos precisa servir de alerta. Se existe um desconforto, é importante pensar quais são as origens dele e que tipo de influência a outra pessoa exerce sobre nós. Sofrer pode até parecer romântico mas, quando esse sentimento se perpetua, ele pode intoxicar, comprometer a saúde mental e abrir feridas que demorarão para cicatrizar. O amor bom, de verdade, é aquele que se vive com paz, leveza e riso fácil. É aquele que te faz ser alguém melhor, para si próprio e para o mundo. Amor bom é aquele onde há entrega, coragem, sinceridade e serenidade. Certamente haverá dor pelo caminho, mas ela não deve ser um pré-requisito. Nesse caso, Vinicius que me perdoe, mas a dor não é fundamental, é opcional.


17/10/2019 22h45 Áudio

Ficha Técnica: Nó na Orelha - Criolo

COMO DESCOBRI CRIOLO -- Acho que demorei para conhecer o rapper Criolo, assim como deve ter acontecido com várias pessoas. Mas a ocasião em que o conheci ficou gravada na minha memória. Faz um tempo que adquiri o hábito de pesquisar bandas e cantores novos. Isso se transformou em uma rotina na minha vida. Volta e meia faço uso do “Radar de novidades” do Spotify e outros canais e neles encontro algumas pérolas. Cheguei até Criolo num desses trabalhos de busca musical. O ano era 2011 e, ao navegar pelo Youtube, encontrei uma versão diferente da música “Cálice”, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil. A versão, que me arrebatou imediatamente, começava em tom de provocação: “Como ir pro trabalho sem levar um tiro, voltar pra casa sem levar um tiro”. Mas além das indagações sobre violência urbana, outros trechos da versão me deixaram reflexiva. “Os saraus tiveram que invadir os botecos, pois biblioteca não era lugar de poesia. Biblioteca tinha que ter silêncio e uma gente que se acha assim muito sabida”. Nesses versos, a mensagem clara de que é preciso democratizar a cultura, o conhecimento, afinal, eles podem salvar almas. A versão de “Cálice” escrita por Criolo é um hino da favela, da periferia e dos perigos que seus moradores enfrentam. Pensando nisso, Criolo canta: “Pai, afasta de mim a biqueira, afasta de mim as biate, afasta de mim a cocaine, pois na quebrada escorre sangue, pai”. Depois de assistir o vídeo com a versão de Cálice, comecei imediatamente a procurar outros trabalhos de Criolo e sigo acompanhando o rapper. Além do trabalho musical expressivo que desenvolve, Criolo também não foge das discussões e posicionamentos políticos, bastante importantes nos trabalhos mais recentes do cantor, como Boca de lobo e Etérea. Hoje, ao lembrar da primeira vez em que ouvi a versão de Criolo para Cálice, lembrei de imediato de um verso em que o rapper fala “Me chamo Criolo, o meu berço é o rap, mas não existe fronteira pra minha poesia, pai”. De fato, Criolo permanece fiel às origens, mas o trabalho dele se expande, cresce e ultrapassa mais e mais fronteiras.


10/10/2019 22h34 Áudio

Ficha Técnica: O tempo não para - Cazuza

E O TEMPO PAROU -- Desde que nascemos, iniciamos uma caminhada que, por mais que a gente tente negar, vai acabar igual para todo mundo. A verdade é que a morte é a nossa linha de chegada, por mais que o assunto seja evitado e chegue a gerar constrangimentos. Mas até que a nossa caminhada por aqui seja encerrada, muita água ainda vai passar embaixo da ponte. E a parte boa nisso tudo é que a vida não tem roteiro, não tem mapa e, às vezes, parece que ela faz questão nos pregar algumas peças. Em sua famosa canção, o poeta Cazuza nos lembra que o tempo não para. De fato, o tempo parece mesmo um trem, que não tem destino definido e segue sem parar jamais. No entanto, é preciso estar atento a tudo aquilo que nos tira do automático e provoca a sensação de que o tempo realmente parou. Existem lugares que causam esse tipo de percepção, mas as pessoas são as grandes especialistas nisso. Fique atento a essas pessoas! Eu aposto que isso já aconteceu com você. Pode ter sido em um parque, restaurante, no trabalho, na fila do mercado ou do banco, na sua própria casa. Se você encontrar alguém e sentir como se o tempo tivesse parado, fique atento! A vida realmente vai passar rápido e você não sabe quando vai ter a oportunidade de sentir isso novamente. São nesses encontros, nesses momentos de pausa, que esquecemos realmente que somos meros mortais, fadados a acabar, uma hora ou outra. Desde que nascemos, somos presenteados com caminhos que se interligam, histórias que se cruzam, vidas que se tocam. Sempre que puder, pergunte a si mesmo qual a diferença que uma pessoa faz na tua vida, o quanto ela acrescenta, que sensações provoca e como você agiria se ela simplesmente desaparecesse e não estivesse mais por perto. A ideia é simples: não se perca de você e não se perca de quem é importante pra você. O trem realmente não vai parar, mas os momentos podem ser mais agradáveis quando compartilhados com quem te convida a olhar pela janela, observar os pássaros, acompanhar o movimento do sol ou simplesmente abrir a janela para deixar o vento bater no rosto. Nesses momentos você vai realmente compreender que o tempo parou.


03/10/2019 22h55 Áudio

Ficha Técnica: À Flor da Pele - Ney Matogrosso e Raphael Rabello

UMA PASSAGEM PARA O FIM DO MUNDO -- As cidades grandes são um desafio à humanização. Nos espaços urbanos, diante de tantos estímulos, nem sempre é fácil se manter atento a si mesmo. Também não é fácil manter-se atento ao outro, ou seja, às pessoas com as quais mantemos contato.Na cidade, tudo é movimento e o desafio é respirar calmo, em paz, sem pressa. Haja meditação, técnicas alternativas, massagens relaxantes e tantas coisas às quais precisamos recorrer para dar conta da correria dos grandes centros. Tem dias em que a gente sente vontade de ir para algum lugar distante, meio de mato, só para fazer um detox de tudo o que nos rodeia nas metrópoles. Tão bom seria acordar ouvindo o galo cantar, tomar um café forte, aproveitar o canto dos pássaros, tomar um banho de rio e tirar aquele cochilo na rede. Tem vida melhor? E quando essa realidade não está ao nosso alcance? O que fazer para distrair a mente e alegrar um pouco o coração? A música sempre pode ajudar, porque ela tem o poder de nos transportar para lugares que nem imaginamos. E esse lugar pode ser um rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo. A canção de Ary Barroso e Lamartine Babo, tantas vezes gravada, leva quem escuta diretamente a esse lugar distante, “onde a dor e a saudade contam coisas da cidade”. E mesmo que haja dor e saudade, ainda assim é bonito de ouvir e acalma o coração. Escutar essa canção é passear por esse rancho fundo, é ter vontade de estar nesse lugar, de ouvir o moreno tocar a viola e, junto a ele, olhar a lua no céu. Aliás, qual foi a última vez que você olhou o céu e deixou os pensamentos passearem por ele? Qual a última vez que você viajou para um rancho fundo, mesmo que fosse ao ouvir uma canção? O tempo é, realmente, um presente. E a correria da vida não deve (jamais) fechar os nossos olhos para as sensibilidades, para as boas viagens, especialmente para aquelas que fazemos sem sair do lugar.


26/09/2019 22h31 Áudio

Ficha Técnica: Tribalistas - Tribalistas

MI CASA, SU CASA -- As batidas na porta eram certeiras. Ninguém batia daquele jeito. Ela já conhecia até mesmo o jeito como ele chegava, manso, quieto, sem anúncios. Sempre preparava algo para recebê-lo e, mesmo que ele não quisesse comer, ela insistia. Havia sempre um suco ou chá para acompanhar. Com aquelas visitas, no meio da tarde, ela sentia a vida mais leve, mas não era apenas isso. Sentia também um carinho, um cuidado e a vontade de dividir o tempo (precioso tempo) com aquela pessoa que, no fundo, ela nem conhecia direito. Ou será que conhecia? Quando ele vinha, o tempo sempre corria mais rápido. No entanto, independente do tempo disponível, havia sempre aquela sensação de paz, de entrega e tudo o que acontecia era acompanhado pelos doces passos da naturalidade. Fosse num domingo à noite ou numa atribulada tarde de quarta-feira, algumas coisas sempre estavam presentes. Entre elas, o cheiro de lavanda francesa e as batidas fortes, aceleradas, do coração dela. Saber que ele estava a caminho já era motivo de alegria, mas não adiantava: quando ele batia à porta, o coração pulava no peito. O sonho dela era que, um dia, ele viesse para dormir, passar a noite, ficar mais tempo, sem se preocupar com o tempo. A vontade dela era tê-lo mais perto e, isso, ela nunca escondeu. Mas havia situações, impedimentos, fatores, ponderações que tornavam aquele sonho muito distante. Impossível? Um dia ele avisou que viria mas, provavelmente, não seria para dormir. Mesmo assim, ela ficou feliz. Providenciou algo para comerem, colocou umas bebidas para gelar e arrumou o apartamento, enquanto ouvia “Passe em casa”, dos Tribalistas. Esperou durante toda a noite. Ele não apareceu. Quando o sono chegou, a encontrou impaciente e aflita, para combinar com a música que ela tanto havia escutado aquele dia. Caminhou até a cama e dormiu pesado, triste, mas resiliente. Na madrugada, enquanto ela dormia, ele chegou. Tinha uma cópia da chave e entrou com cuidado, sem fazer barulho. Tomou água gelada, tirou os sapatos, apagou as luzes e deitou ao lado dela, que nem mesmo se mexeu. Dormia um sono profundo. Ele a abraçou. Sentiu a paz que o corpo dela emanava, a sensibilidade, a tranquilidade. Porém, ele também sentiu o cansaço daquele corpo, a angústia e, sobretudo, a esperança de quem passou tanto tempo à espera daquele amor.


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