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Quarta-feira, 27 de novembro de 2019 16h42


PRIMEIRA OITIVA

Energisa diminui quadro de funcionários, aumenta número de clientes e causa mortes, diz sindicalista

Para o presidente do sindicato, a falta de experiência, redução da força de trabalho e falta de manutenção preventiva pode ter contribuído com graves acidentes

GABRIELA BOMDESPACHO VON EYE / Gabinete do deputado Elizeu Nascimento



Foto: Marcos Lopes

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Mato Grosso (STIU-MT), Dillon Caporossi, fez graves acusações na primeira oitiva realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Energisa-MT, na última terça-feira (26), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).O sindicalista acusou a empresa de diminuir o quadro de funcionários, aumentar o número de clientes e também de colocar a vida dos seus colaboradores e da população mato-grossense em risco.

Durante o inquérito, Caporossi apresentou aos membros da CPI, que tem como objetivo investigar denúncias de abusos nas contas de energia elétrica, enxugamento nos quadros de funcionários e a má prestação dos serviços oferecidos pela concessionária de energia elétrica de MT, Energisa S/A, dados, através de imagens e documentos, que demonstram uma situação, no mínimo, preocupante para a população de Mato Grosso.

Conforme consta nos balanços patrimoniais da empresa Energisa entre os anos de 2014 e 2018, o número de trabalhadores próprios e terceirizados diminuiu de 3.800 para 3.218, ou seja, 582 trabalhadores a menos. Nesse mesmo período, a rede de distribuição de energia elétrica em Mato Grosso cresceu de 114.616 km para 184.847 km, esse crescimento representa 70.231 km de rede de distribuição a mais. O número de clientes aumentou de 1.269.581 para 1.403.565, um acréscimo de 133.984 consumidores. O número de trabalhadores suficientes para atender os quadros da empresa seria de 6.129 funcionários. Não foram divulgados dados referentes a contratações pela empresa no ano de 2019.

A redução na força de trabalho provocou a retirada de equipes de eletricistas, deixando dezenas de municípios sem atendimento emergencial. O sindicalista disse que as demissões e o aumento de clientes precarizam a prestação de serviços, e isso tem consequências graves, resultando até em mortes.

Ele citou três acidentes que resultaram em duas mortes e um terceiro com ferimentos graves. O primeiro aconteceu no dia 14 de abril de 2019, por volta das 22h, na linha 15, no bairro Cinturão Verde, em Cuiabá. O acidente ocorreu quando um cabo de alta tensão de 13,8 Kv partiu e caiu em cima de um caminhão de som estacionado nas proximidades de onde estava sendo realizado um culto religioso, ao ar livre, da igreja Assembleia de Deus. Ao tocar no veículo, o proprietário do caminhão, Luis Carlos Smith, sofreu uma descarga elétrica e morreu.

No dia 27 de outubro, também deste ano, um morador da comunidade Rio dos Couros (que não teve o nome divulgado), zona rural de Cuiabá, morreu eletrocutado durante uma operação de limpeza na rede de energia que passa pela localidade, a vítima estaria ajudando funcionários da concessionária de energia na religação de um cabo rompido.

“Os funcionários não tinham material suficiente para proceder a poda das árvores, por isso os moradores, que estavam sem energia há três dias, resolveram ajudar com motosserra e outros esquipamentos. Após a limpeza, o funcionário puxou o fio que estava rompido para fazer a religação, a outra ponta se desenrolou, atingiu o morador e o eletricista (funcionário da Energisa) também foi atingido e teve ferimentos graves”, contou Dillon.

Para o presidente do sindicato, a falta de experiência (o trabalhador ferido atuava na empresa somente há seis meses), a redução da força de trabalho e a falta de manutenção preventiva nas linhas podem ter contribuído para o acidente.

O terceiro fato aconteceu no dia primeiro de novembro, quando um funcionário da empresa sofreu um acidente durante a manutenção de linhas na região de Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá. Nesse caso, uma árvore caiu e atingiu o trabalhador, que acabou sofrendo lesão grave, mas saiu com vida.

"O presidente Dillon Caporossi nos apresentou denúncias alarmantes e graves que, com certeza, contribuirão muito com as investigações contra essa empresa, que não respeita a população de Mato Grosso. Diante desses fatos, também fica evidente o descaso que a Energisa tem pela vida dos seus funcionários”, disse o presidente da CPI, Elizeu Nascimento.

Durante as oitivas, está sendo realizado um trabalho de coleta de dados, que servirão de subsídios para a elaboração do relatório final da CPI, instalada desde o dia 8 de outubro, sob a presidência do deputado estadual Elizeu Nascimento (DC).

A comissão terá 180 dias para apurar os indícios de irregularidades.


Gabinete do deputado Elizeu Nascimento

Telefone: (65) 3313-6730