Foto: FABLICIO RODRIGUES / ALMT

A Assembleia Legislativa realizou, na manhã de hoje (16), em Rondonópolis (a 21 km de Cuiabá, no sul do estado), audiência pública que discutiu a realidade da agricultura familiar na região sul e a situação das famílias assentadas. Os presentes foram unânimes em solicitar uma política de atendimento técnico que resulte no aumento da produção e garanta a permanência das famílias nos assentamentos, além de infraestrutura de transporte, estradas e construção de pontes e escola - sendo a regular para todas as crianças e jovens, com cursos técnicos voltados ao manejo da terra e demais atividades que compõem a agricultura familiar para jovens e adultos. Foi ainda solicitado resolução para questões pontuais em alguns assentamentos, como, por exemplo, a falta d’água nessas unidades dos municípios de São José do Povo e Guiratinga.

“Viemos conversar, ouvir a população e buscar uma solução para mais de 70 assentamentos rurais e mais de 5 mil famílias que vivem em situação de carência. Queremos colher as demandas da população e ouvir a Secretaria de Agricultura Familiar e os demais órgãos e traçar um plano para o atendimento dessas famílias, para dar condições dessas pessoas produzirem e comercializarem seus produtos. E apresentar sugestões para o fomento da agricultura familiar”, disse o autor da proposta de audiência pública, deputado Thiago Silva.  Para ele, “é preciso buscar uma solução definitiva para as pequenas propriedades rurais da região, desburocratizar o setor para possibilitar o fomento da produção”.

O presidente da Associação dos Piscicultores do Distrito de Boa Vista, Aldenir Mesquita, afirmou que uma das principais questões a serem enfrentadas é a falta de acesso às localidades e consequente dificuldade de escoamento da produção. “A falta de acesso é um grande problema, as autoridades fazem a estrada principal, mas não fazem as estradas vicinais que dão acesso direto às nossas localidades e aí é difícil tirar o produto e levar até o comprador”. Outro entrave citado por ele é a falta de telefonia móvel de qualidade e internet nos assentamentos. “Hoje as vendas são feitas pela internet, se não todas, pelo menos a maioria, e nós não temos a internet”, revelou.

A assentada Joana Alves Soares, que integra a Associação de Mulheres do Campo Olga Benário, de Rondonópolis, reforçou que a pior dificuldade é produzir e não ter para quem vender. "A pior dificuldade é produzir e não poder  vender e, quando conseguir vender, não encontrar um preço justo. As estradas não existem e aí o frete fica caro. Temos o caminhão da prefeitura para o transporte, mas ele só vai uma vez por mês e nossa produção, às vezes, se perde. Precisamos que, emergencialmente, o carro vá mais vezes e, depois, que faça as estradas que cheguem até a nossa casa. E, como mulher, acredito que nossos filhos precisam de escolas melhores e mais próximas. No nosso assentamento, o 17 de Março, aqui em Rondonópolis, as crianças andam quase 30 quilômetros até a escola. Temos transporte escolar, mas o certo era a escola chegar a todos os assentamentos. Precisamos também de curso específico para as mulheres que hoje trabalham criando galinhas, porcos, fazendo queijos, e é difícil vender, então queremos cursos sobre outras atividades, para trabalhar e aumentar a renda”, reivindicou.

A audiência aconteceu no Centro Multiuso dos Trabalhadores Rurais, em Rondonópolis, e reuniu moradores de diversos municípios da região sul, entre eles, além da cidade sede do debate, os de São José do Povo, Guiratinga, Juscimeira, Jaciara, Primavera do Leste, Poxoréu e Pedra Preta. Além das reivindicações, os presentes fizeram um manifesto com faixas e camisetas que pediam a não extinção da Empresa de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer).

De acordo com o deputado, o debate resultará em proposta de políticas para o setor.