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Sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020 12h18


MOÇÃO DE APLAUSO

Jovem de Quatro Marcos que passou para medicina tem história de superação e resiliência

Jaime Souza Lima Júnior, 18 anos, da Escola Estadual Bertoldo Freire, estudava diariamente mais de 12 horas e fazia simulado todos os domingos.

ROSE DOMINGUES / Gabinete do deputado Dr. Gimenez



O estudante Jaime de Souza Lima Júnior relata uma rotineira dura de estudos para alcançar a vaga de Medicina na UFMT

Foto: ROSE DOMINGUES

Aos 18 anos, Jaime de Souza Lima Júnior, aluno da Escola Estadual Bertoldo Freire, de São José dos Quatro Marcos (310 km da capital), relata uma história de superação e resiliência  para a conquista da sonhada vaga em medicina na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano.

Para conseguir o 1º lugar entre os alunos de escolas públicas de Mato Grosso, ele estudava mais de 12 horas diariamente, além de fazer simulados todos os domingos para adquirir resistência física e mental para a prova. Matemática e língua portuguesa também tiveram atenção especial.

“Não é uma questão apenas de conhecimento, temos que saber fazer a prova, entender como ela funciona, qual a melhor forma de resolvê-la e, principalmente, conseguir ler por várias horas seguidas sem cansar a visão e assim não errar questões fáceis. Tudo isso exige treino, é fazer exaustivamente até se acostumar, até ter domínio de si mesmo (mente e corpo)”.

Jaime terminou o ensino médio em 2018, na época não atingiu a pontuação necessária (705) para a vaga que queria (medicina), então, com o apoio da família, continuou estudando e diz que o ano de cursinho foi fundamental para focar 100% no Enem. Ele se dedicava nos três períodos e só se permitia folgar na noite de sexta, aos sábados e meio período de domingo. 

Os pais Jaime e Marta não poderia pagar por uma faculdade particular e estão muito orgulhosos da conquista do filho

Foto: ROSE DOMINGUES

“Às vezes eu passava de madrugada pelo quarto dele e precisava entrar e pedir para ele ir dormir”, conta o pai dele, Jaime Souza Lima, de 42 anos, que trabalha com transporte escolar e não teria condições de pagar uma faculdade particular. Orgulhoso, ele se emociona com a vitória do filho. “Criamos ele dentro da palavra de Deus, no caminho reto, então, não é apenas uma questão de inteligência, sabemos que ele será um excelente profissional, amoroso, dedicado, um bom médico”. 

Tranquilo e centrado, o estudante descobriu a vocação durante o ensino médio por causa da disciplina Projeto de Vida, da escola plena. Então, narra que precisou tomar uma decisão: se dedicar mais que a média, o que implica em renúncias, claro. Neste período escolar, passava os turnos da manhã e da tarde em aulas e atividades no colégio, e à noite cumpria um cronograma bem rígido e extenso de estudos diariamente.

Jaime é muito grato à professora que lhe ajudou a sair de uma pontuação média de 250 pontos na redação para 840 (no Enem de 2018) e 900 (em 2019). “É uma questão de saber como montar o texto, entender o processo e treinar insistentemente. Acho que a gente pode fazer o que quiser, desde que se esforce. Ter pessoas apoiando é fundamental, por isso sou muito grato aos meus pais e à escola, que não tem a estrutura adequada para ajudar a passar para medicina, mas onde pude contar com o apoio incondicional e integral dos professores”.

A Escola Estadual Bertoldo Freire costuma aprovar 50% dos seus alunos em universidades públicas e particulares, as notas vêm aumentando a partir do programa Escola Plena

Foto: ROSE DOMINGUES

A diretora da Escola Bertoldo Freire, Dulcelene das Graças Andrade, de 37 anos, dos quais 15 dedicados ao magistério (ela é professora de matemática) e 6 anos à frente da direção do colégio, emociona-se com as vitórias do estudantes que demonstram heroísmo e superação. Ela diz que não é simples, nem fácil.

“O programa Escola Plena, que é uma metodologia de ensino integral, revolucionou a nossa escola, porque passou a enxergar cada aluno de forma individual, envolveu a família, e isso impacta no aprendizado e na autoestima deles. É importante observar que a nossa clientela é variada e a grande maioria acha que não tem chance de passar, de ser um ‘doutor’, mas o nosso desafio é mostrar que todos eles podem, o resultado a gente pode ver, é positivo”.

Anualmente, a média de aprovação da Escola Estadual Bertoldo Freire para vagas em universidades públicas e particulares é de 50%, as notas nas redações oscilam entre 600 e 900, no último Enem, a instituição aprovou Jaime (para medicina na UFMT) e outros seis alunos na Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) para cursos como ciências da computação, história, matemática, ciências contábeis e geografia. 

O deputado estadual Dr. Gimenez (PV), que é médico há 40 anos, morava até 2018 em Quatro Marcos (sua base eleitoral) e já lecionou a disciplina de língua portuguesa na escola Bertoldo Freire, está muito orgulhoso com a conquista do estudante que passou na UFMT. Nesta semana, durante a seção parlamentar, ele apresentou uma ‘moção de aplauso’ para o jovem por seus esforços e superação. Também destacou que o governo deve entender educação como investimento e não gasto, porque gera oportunidades e qualidade de vida para a população.

Para Dr. Gimenez (PV), que é médico, morou em Quatro Marcos até 2018 e foi professor na escola Bertoldo Freire, Jaime é um exemplo de que o ensino público funciona

Foto: ROSE DOMINGUES

“Nós tivemos conhecimento que a lista de estudantes de escola pública de Mato Grosso aprovados em instituições públicas, como UFMT, Unemat e IFMT, talvez ultrapasse 100 no estado, o que nos mostra o quanto é importante continuar acreditando e lutando pela escola pública, para que se torne mais atrativa, organizada e bem equipada. E o Jaime se tornou um exemplo e um estímulo para os estudantes e também para todos da nossa região oeste”. Dr. Gimenez avalia que não é mais tolerável escolas feias e 'caindo as pedaços' e que vai continuar lutando por um ensino de qualidade para todos.


Gabinete do deputado Dr. Gimenez