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Quinta-feira, 8 de setembro de 2016 16h09


Setembro Amarelo alerta para importância de ações para prevenir o suicídio

Mês é marcado pelo combate e reflexão sobre as causas que levam ao comportamento suicida

EDELSON SANTANA



Texto: Maíra Nienow

Foto: Marcos Lopes

 

Há três anos, o mês de setembro ganhou tons de amarelo para marcar a Campanha Internacional de Combate ao Suicídio e Valorização da Vida. O movimento “Setembro Amarelo” acontece no mundo todo e a data que marca a campanha é 10 de setembro, o Dia Mundial de Combate ao Suicídio. No Brasil, a iniciativa é da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e tem o objetivo de, ao longo de todo o mês, promover várias ações de sensibilização da sociedade para acabar com o preconceito e propor políticas e programas de prevenção.

O tema continua sendo tabu, motivo de vergonha ou de condenação, sinônimo de loucura, assunto proibido na conversa com filhos, pais, amigos e até mesmo com o terapeuta. Mas as estatísticas mostram que o suicídio precisa, sim, ser discutido. Trata-se de um problema que vai muito além do sofrimento individual, é um séria questão para a saúde pública.

Segundo dados do relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2014, o Brasil é o 8º país com a maior taxa de suicídios do mundo. O estudo ainda afirma que, a cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo. E mais, para cada suicídio efetivado, há pelo menos 20 tentativas fracassadas. Porém, dos 194 países da OMS, apenas 60 coletam dados sobre o assunto e apenas 28 têm estratégias nacionais para a prevenção.

“A campanha é muito importante, pois envolve a sociedade numa reflexão sobre as causas que geram o comportamento suicida e como esse gesto extremo pode ser evitado, com ações preventivas. E a melhor forma de prevenir é falar abertamente sobre o assunto e aprender a identificar os pedidos de socorro daqueles que sofrem, muitas vezes silenciosamente”, afirmou a coordenadora do Centro de Valorização da Vida (CVV), Ana Rosa Ramos Nunes, em entrevista à Rádio Assembleia.

Segundo Ana Rosa, apesar de o suicídio não ter explicações muito objetivas, frequentemente ele está associado a quadros de depressão. O suicida, muitas vezes, se sente sozinho com seus sentimentos e emoções, precisando de ajuda para lidar com o sofrimento que o aflige e que o impede de ver perspectivas melhores para o seu futuro. "Ninguém precisa dar uma solução para os problemas do outro, deve apenas estar disposta a ouvir. As pessoas encontram as soluções dentro de si quando conversam e refletem sobre seus conflitos e emoções”, afirmou.

O CVV é uma entidade não governamental de atendimento humanitário criada para ajudar a prevenir o suicídio atendendo pessoas angustiadas que precisem de apoio emocional. Todos os voluntários são treinados para ouvir seus interlocutores (por telefone, chat, e-mail ou pessoalmente) sem nenhum tipo de julgamento e sob total sigilo. “Estamos disponíveis para ouvir o que cada um tem a dizer sobre seus medos, dificuldades e angústias e ajudar a revalorizar a própria vida", lembrou Ana Rosa.

Em Cuiabá, o CVV atende 24h pelos telefones 141 (Cuiabá e Várzea Grande) ou (65) 3321-4111 (interior). Eles fazem também atendimento pessoal na Rua Comandante Costa, 296, das 8h às 18h. 

Atendimento ao servidor – Na Assembleia Legislativa, a Supervisão de Saúde e Qualidade de Vida, o Qualivida, dispõe de atendimento psicológico para todos os servidores e dependentes. Os profissionais atendem todos os dias, nos períodos da manhã e da tarde, e o atendimento é feito por agendamento.

Para o psicólogo Gerson Fabricio Baurmaister, a campanha lança um alerta para uma questão que precisa ser discutida abertamente. “O suicídio parece ser um problema distante, mas ele é mais comum do que imaginamos. O silêncio faz com que ele aparente não estar perto. Muitas pessoas já pensaram em tirar a própria vida, em um momento de aflição ou desespero, mas não tentaram, nem planejaram, foi apenas um pensamento. No entanto, se alguém ameaçar fazê-lo, a recomendação é que leve a serio e procure conversar e oferecer ajuda para superar esse momento de desespero e desesperança”.