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Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Exército disponibiliza mapas para Assembléia

Eles são os primeiros fornecidos e comporão dossiê sobre a questão. IBGE admitiu que trabalho de Rondon “tem peso” junto ao STF

POR FERNANDO LEAL/ALMT  •  14 DE MAIO DE 2003 ÀS 17:42:00  •  7 Acessos

POR FERNANDO LEAL/ALMT  •  14 DE MAIO DE 2003 ÀS 17:42:00  •  7 Acessos

O Comando do Exército brasileiro liberou hoje (14) os primeiros mapas solicitados pelo presidente das Comissões Permanentes de Revisão Territorial e de Terras e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, deputado Pedro Satélite (PPS), para subsidiar o governo mato-grossense na discussão com o Pará pela posse de região na fronteira que separa os dois Estados.

Por meio de ofício, o general de Divisão Heleno Augusto Ribeiro Pereira esclareceu para Satélite detalhe das cartas editadas em 1982. “Nelas, a divisa MT-PA - constituída por linha seca (não caracterizada por qualquer acidente natural) - é indicada como ‘aproximada’, indicando a situação vigente à época”, disse o oficial-general.

Ele também disponibilizou a Coleção de Cartas de Mato Grosso e Regiões Circunvizinhas, de 1952, baseada nos trabalhos de marechal Rondon. Os documentos fazem parte do acervo do Arquivo Histórico do Exército, que é o depositário, e complementarão o conjunto de obras que está sendo levantado por Satélite para compor o dossiê do governo de Mato Grosso.

“Estas três cartas topográficas são as primeiras de mapas e relatórios que estamos conseguindo reunir e que serão de extrema importância para uma decisão final favorável a Mato Grosso e, em especial, ao povo do Nortão”, comemorou o parlamentar socialista. As cartas mostram as regiões dos Rios Nhandu e Braço Sul, e da Serra de Cachimbo.

Os documentos que resultaram do trabalho de Rondon estão sendo vistos como decisivos em favor de Mato Grosso em quaisquer níveis e instâncias da discussão entre Mato Grosso e Pará. Para o próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse material terá “peso significativo” (favorável a Mato Grosso) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) em sentença que vier a ser dada a uma possível ação judicial.

“Não creio que precisemos chegar a esse extremo. As autoridades paraenses vêm se mostrando sensíveis às nossas argumentações e a obra do Marechal Rondon sobre o assunto, com certeza, reforçará esse entendimento”, concluiu Satélite. Como órgão oficial do governo federal, o IBGE tem atribuições relacionadas à definição de limites entre Estados e não considerou as Cartas de Rondon em seu trabalho.

O próximo passo de Satélite no levantamento cartográfico já foi dado. Ainda no início desta semana, ele encaminhou a segunda solicitação formal ao Exército, agora destinada ao Arquivo Histórico do Exército, para conseguir documentos que fazem parte da Coleção de Cartas de Mato Grosso e Regiões Circunvizinhas.

Credibilidade de Rondon

Tudo começou em 1890, quando Cândido Rondon foi para o sertão. Nele, o oficial do Exército desbravou e estudou uma área de 500 mil quilômetros quadrados, deixando estradas em condições para as carroças - veículos da época - e linhas e postos telegráficos.

Por conta desse trabalho, no início de 1907, o então presidente da República, Afonso Pena, perguntou ao, à época, major Rondon se era possível ligar Mato Grosso ao Amazonas por telégrafo. ”É só querer, senhor presidente!”, respondeu o oficial. Ainda naquele ano foi criada a Comissão de Linhas Telegráficas e Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas - a tão falada “Comissão Rondon”.

Segundo o um dos grandes amigos de Rondon, na época, o coronel do Exército Amílcar Magalhães, chegou a afirmar: “Rondon fez-se astrônomo e criou em torno de si um núcleo de oficiais astrônomos, seus discípulos”, para a perfeição da Carta de Mato Grosso, fixando as coordenadas geográficas de todos os pontos por onde passou a linha telegráfica.

Todo o trabalho desenvolvido por Rondon lhe rendeu, em 1913, a indicação feita pelo então ministro do Exterior do Brasil, Lauro Muller, para chefiar a comissão brasileira formada para acompanhar o ex-presidente dos Estados Unidos, Theodoro Roosevelt. O novo trabalho: estudar os sertões de Mato Grosso e do Amazonas. Na ocasião, Rondon disse que aceitaria se a missão tivesse caráter científico-geográfico.

Tudo isso rendeu elogio histórico feito por Roosevelt em seu livro Through the Brazil Wilderness: “O coronel Rondon tem, como homem, todas as virtudes de um sacerdote: é um puritano de perfeição inimaginável na época moderna e, como profissional, é tamanho cientista, tão grande é seu conjunto de conhecimentos, que se pode considera-lo um sábio.

A América pode apresentar ao mundo duas realizações ciclópicas: ao Norte, o Canal do Panamá; ao Sul o trabalho de Rondon - científico, prático e humanitário”.

Entre outros trabalhos, Rondon inspecionou mais de 17 mil quilômetros de fronteira, construiu mais de sete mil quilômetros de linhas telegráficas e abriu 720 quilômetros de estradas “carroçáveis”. Esses detalhes foram publicados por J. Lucídio N. Rondon no livro Geografia e História de Mato Grosso, editado pela Gráfica Urupês em 1970.

Mais informações:
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