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Sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021 10h36


COVID-19

“No ritmo atual, Mato Grosso levará 3 anos para vacinar toda a população”, diz Lúdio

Médico sanitarista, deputado alertou para falhas no plano nacional de imunização e no planejamento estadual

LAISE OLEAS LUCATELLI / Gabinete do deputado Lúdio Cabral



Lúdio cobrou mais agilidade no processo de vacinação contra a Covid-19

Foto: ANGELO VARELA / ALMT

O deputado estadual e médico sanitarista Lúdio Cabral (PT) cobrou mais agilidade do governo no processo de vacinação contra a Covid-19. Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde, 191 mil doses de vacina chegaram a Mato Grosso, e apenas 68 mil foram aplicadas em 23 dias de vacinação. Durante convocação do secretário Gilberto Figueiredo, nessa quinta-feira (11), Lúdio observou que, se a média se mantiver, o estado levará três anos para imunizar os 3,5 milhões de habitantes.

“Vamos levar três anos para vacinar toda a população, se for mantido o ritmo atual. Em 2009, o Brasil vacinou 80 milhões de pessoas em 90 dias contra H1N1. Olha a diferença entre o planejamento nacional feito naquela época e o que estamos vendo agora. Há um plano nacional com muitas lacunas, que é um desserviço à história do programa de imunização do Brasil, que sempre foi referência no mundo. Há outras questões que dizem respeito ao planejamento do estado para avançar no processo de vacinação. Mato Grosso precisa evitar erros nas resoluções publicadas”, disse Lúdio.

O parlamentar observou também que, para imunizar as 848 mil pessoas dos grupos prioritários, Mato Grosso levaria 9 meses, no ritmo atual. Fazem parte dos grupos prioritários os trabalhadores da saúde, indígenas aldeiados, idosos, doentes crônicos, entre outros. Lúdio destacou ainda a necessidade de rever alguns critérios de prioridade.

“Há trabalhadores da saúde que não estão na linha de frente do combate à Covid-19 e, portanto, têm risco muito baixo de exposição, sendo vacinados antes de grupos populacionais que têm problemas mais graves, como os deficientes físicos acamados que não estão institucionalizados, mas vivem com a família e deveriam ter sido vacinados prioritariamente. É um número pequeno que já poderia ter sido vacinado ao mesmo tempo em que adultos jovens sem nenhuma doença de base, mas que têm formação na saúde, estão sendo vacinados”, observou.

Lúdio lembrou também que todas essas discussões sobre prioridades têm origem no problema da falta de vacinas. “Há uma série de questões de fundo, e a primeira é a escassez de vacina em todo o país por conta do não planejamento do Ministério da Saúde e da irresponsabilidade do governo federal. Todas as outras discussões que fazemos não produzem avanço em função desse problema. Também há falhas no plano nacional e no planejamento da vacinação do estado”, disse.

O deputado pretende realizar audiências periódicas com o secretário de Saúde para acompanhar o andamento da vacinação e tratar da evolução da pandemia em Mato Grosso. “Dessa vez, nem debatemos o estágio em que a pandemia está do ponto de vista epidemiológico, nem como Mato Grosso tratou a pandemia como um todo até agora. Temos um problema gravíssimo, que é a quarta maior taxa de mortalidade do Brasil, com alta mortalidade nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI)”, disse.

Lúdio citou também a necessidade de medidas de restrição de circulação para conter o avanço do coronavírus. “Outro problema é a inexistência de medidas governamentais mais duras para reduzir circulação de pessoas, no momento dramático que estamos vivendo da pandemia, com risco de reaceleração da taxa de contágio. Já estamos no platô da segunda onda, com média de 1,3 mil casos novos todos os dias. E se as variantes genéticas novas circularem aqui em Mato Grosso, podemos viver cenários tão graves como Manaus viveu recentemente”, alertou.


Gabinete do deputado Lúdio Cabral