Foto: MARCOS LOPES/ALMT
O deputado estadual Valdir Barranco (PT) apresentou, no mês de julho, a Indicação nº 4163/2025 ao governador Mauro Mendes (União), solicitando que o Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Setasc), realize estudos para implementação de políticas públicas voltadas à qualificação profissional e inclusão das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no mercado de trabalho.
A medida propõe uma mudança de paradigma: sair do foco exclusivo em educação e saúde e avançar para a inclusão produtiva, garantindo que jovens e adultos autistas tenham acesso a oportunidades reais de formação técnica e inserção laboral. Segundo Barranco, o Estado não pode mais ignorar a invisibilidade dessa parcela da população em políticas de empregabilidade.
“O autismo não é incapacidade. É diferença. E o que falta são políticas que respeitem essas diferenças e abram portas para que essas pessoas tenham acesso ao trabalho digno, à autonomia e à cidadania”, afirmou o parlamentar.
De acordo com o IBGE, o Brasil tem cerca de 2 milhões de pessoas com TEA, número que tende a crescer com o aumento dos diagnósticos. No entanto, estima-se que mais de 85% dessas pessoas estejam fora do mercado de trabalho, seja pela ausência de políticas públicas, seja pelo preconceito ou pela falta de preparação do setor produtivo para acolhê-las.
“A maioria das ações voltadas ao público autista ainda se concentra na infância e nos cuidados clínicos. E quando essas crianças crescem, o Estado simplesmente vira as costas. Isso precisa mudar. É hora de pensar na vida adulta, na independência e no papel que essas pessoas podem e devem ocupar na sociedade”, destacou Barranco.
A indicação do deputado ressalta que muitas pessoas com autismo possuem habilidades singulares e altamente valorizadas no mercado de trabalho, como pensamento lógico, atenção aos detalhes, foco e memória diferenciada. No entanto, essas potencialidades são desperdiçadas por falta de programas adaptados, infraestrutura acessível e formação específica. “É preciso parar de ver o autismo apenas como limitação. Há talentos incríveis que estão sendo ignorados porque o Estado falha em oferecer caminhos. Qualificar, incluir e garantir renda é libertar pessoas que, hoje, estão aprisionadas pela omissão do poder público”, declarou o deputado.
A proposta também dialoga com os compromissos assumidos pelo Brasil nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente aqueles que tratam da redução das desigualdades, do trabalho decente e da inclusão social. Além disso, representa uma economia para os cofres públicos a médio e longo prazo, já que a inclusão produtiva reduz a dependência de políticas assistenciais permanentes.
A indicação recomenda a construção de parcerias entre o governo estadual, instituições especializadas e o setor produtivo para desenvolver programas de formação profissional adaptada, estágios supervisionados e incentivos à contratação de pessoas com TEA.
“Incluir não é favor, é dever do Estado. E a verdadeira inclusão se faz com oportunidade, com qualificação e com trabalho. Não podemos continuar ignorando uma geração inteira de pessoas com autismo que querem, podem e merecem participar ativamente da vida econômica do nosso estado”, concluiu Barranco.