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Terça-feira, 15 de outubro de 2019 14h16


FRENTE PARLAMENTAR

Luta permanente da mulher pelo acesso à saúde marca Outubro Rosa

Durante instalação da Frente Parlamentar da Saúde da Mulher, na manhã desta terça-feira (15), representante da MTmamma relata demora no acesso a exames essenciais no diagnóstico do câncer.

ROSE DOMINGUES / Gabinete do deputado Dr. Gimenez



Cleuza Dias, diretora-presidente do MT Mama, afirmou que é muito comum algumas leis 'pegarem e outras não' e que apenas a pressão popular promove melhorias na saúde

Foto: JLSIQUEIRA / ALMT

Cleuza Dias, 59 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de mama aos 48. Com uma irmã afetada pela mesma doença aos 33 e que veio a óbito aos 37, ela não podia esperar mais. Com 2 meses aguardando na fila da Central de Regulação do Sistema Único de Saúde (SUS), ela resolveu pagar do próprio bolso pela biópsia e assim obter o diagnóstico. “A mulher com suspeita de câncer de mama não pode esperar, mas temos casos de espera de até 3 anos”. 

Durante a instalação da Frente Parlamentar da Saúde da Mulher, na manhã desta terça-feira (15), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, a diretora-presidente da MTmamma falou em nome das mulheres. Cleuza frisou que é muito comum esbarrar em ‘leis que pegam e outras que não pegam’ e que o espaço oferecido pela instituição será fundamental para debater o acesso. “A gestão pública precisa de pressão popular para melhorar o atendimento que hoje é muito deficitário”. 

O projeto é iniciativa do deputado estadual Dr. Gimenez (PV) e integra as ações durante a campanha Outubro Rosa, com o intuito de promover debates e políticas públicas que contribuam com a qualidade de vida e saúde da mulher. A frente parlamentar atuará por um período de dois anos e vai receber demandas de todos os segmentos femininos, desde a área da infância e juventude, passando por gestantes, mães até as idosas. 

Dr. Gimenez lembrou que, nos últimos 50 anos, houve um avanço das mulheres em todos os espaços sociais, mas que todo esse esforço vem afetando principalmente a saúde delas

Foto: ROSE DOMINGUES

A proposta é realizar encontros mensais (de acordo com a demanda) para oferecer apoio voluntário de grupos já existentes no estado. “Nossa intenção não é criar novas políticas públicas e sim fazer valer o que já existe, de modo que o público feminino seja atendido pela saúde de maneira ágil, adequada e humanizada, porque além de ser um direito da mulher, é um dever do Estado”, frisa o parlamentar, que é médico há 40 anos e membro da Comissão de Saúde da ALMT.

O deputado lembrou que, nos últimos 50 anos, houve um avanço significativo das mulheres em todos os espaços sociais, mas que todo esse esforço para trabalhar, estudar e cuidar da família vem trazendo muitos reflexos, especialmente à saúde. A prevenção, em todos os casos, é o melhor investimento. “As mulheres precisam ter um tempo para cuidar delas mesmas, fazer os exames regulares não só para câncer de mama, como outras doenças, e também precisam de tempo para descansar e atividades de lazer. A carga excessiva de afazeres contribui muito para os adoecimentos”.

Principais doenças 

Dr. Gimenez citou alguns tipos de doenças que mais afetam as mulheres no Brasil, entre elas, a esclerose múltipla, mais frequente entre os 20 e os 40 anos; o câncer de mama; lúpus eritematoso sistêmico; infeção urinária; fibromialgia, que afeta 2 a 10% da população, mas é 7 vezes mais comum no sexo feminino; depressão, que é a quarta causa de incapacidade no mundo e deverá ser a segunda até 2020, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e tem uma maior prevalência no sexo feminino, afetando 2 vezes mais mulheres. 

A Frente atuará por um período de dois anos e vai receber demandas de todos os segmentos femininos e de todas as faixas etárias

Foto: JLSIQUEIRA / ALMT

Também a doença celíaca, que é uma doença autoimune que ocorre em indivíduos com predisposição genética, causada pela permanente sensibilidade ao glúten. Para cada quatro pacientes celíacos, três são mulheres; há ainda as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) que mantêm elevada prevalência no sexo feminino, em alguns casos principalmente em mulheres jovens que estão iniciando a vida sexual; e a lesão por esforço repetitivo (LER), em que mais de 85% dos pacientes são mulheres na faixa etária dos 20 aos 40 anos, ou seja, em idade produtiva. 

“Diante desse quadro, temos muito a fazer e a trabalhar. Então, me volto a você, mulher, qual é a sua demanda na área da saúde? Em que posso ajudar como seu deputado e médico?”. O parlamentar disse que quer ser o porta-voz das mulheres na Comissão da Saúde e também na Casa de Leis, por trabalhar há muitos anos como médico da família e atendendo principalmente crianças. 

Caixa de Pandora na saúde

Em tom de desabafo, Cleuza Dias, assistente social e membro da MTmamma, afirmou que é muito comum as mulheres terem que pagar do próprio bolso por exames que façam o rastreamento do câncer de mama em Mato Grosso, assim como aconteceu com ela. “Existem mais de 2 mil pedidos aguardando liberação na Central de Regulação, o que mais angustia é esperar sem saber o que está acontecendo, porque hoje essa é uma verdadeira ‘caixa de Pandora’ da saúde pública”. 

Em tom de desabafo, Cleuza Dias cobra transparência da Central de Regulação em relação à fila de exames e agilidade no acesso

Foto: JLSIQUEIRA / ALMT

Para a diretora da entidade, é fundamental que haja transparência sobre a fila de exames e procedimentos pela Central, até para a paciente poder entender em qual posição está, o tempo de demora e se vai poder esperar. Em se tratando de câncer, ela salientou que o atendimento precisa ser ágil, principalmente para as mais jovens com suspeita da doença. “O metabolismo acelerado age para o bem e para o mal, por isso o câncer nas mais jovens é geralmente fatal, porque ocorre a múltiplicação rápida as células cancerígenas”.  

Ela trouxe para esse primeiro momento da Frente Parlamentar da Saúde da Mulher inúmeras demandas, entre elas, a necessidade de acesso das pacientes a terapias integrativas, apoio psicológico e clínico, acesso rápido e ininterrupto ao tratamento e a exames complementares pelo SUS. “São muitas as demandas, sofremos inclusive pela falta de sensibilidade da equipe que revela o diagnóstico, que às vezes se esquece que somos seres humanos e não tem tato para lidar com uma notícia como esta”. 

Serviço

Os encaminhamentos e demandas podem ser feitos diretamente ao gabinete do deputado Dr. Gimenez a partir do telefone (65) 3313-6795 ou no e-mail drgimenezmt@gmail.com. 


Gabinete do deputado Dr. Gimenez


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