A 10ª edição da Noite Cultural da Assembleia Legislativa, promovida pelo Instituto Memória, realizou um colóquio em homenagem a mato-grossense Marilza Ribeiro, 80, defensora dos direitos humanos e porta-voz das mulheres vítimas da violência no Estado. O evento fez também uma alusão ao Dia Mundial da Filosofia com uma exposição da Nova Acrópole, no Espaço Cultural da Assembleia, que ficará até quarta (19).
A abertura da Noite Cultural contou com a apresentação do Coral de servidores da AL, na sequência as doutoras em literatura e psicologia, Célia Domingues Rocha Reis e Jane Terezinha, respectivamente, narraram o tempo na poética de Marilza Ribeiro e a psicologia social das obras da poetisa.
“Me sinto honrada pelo convite. Na literatura e na psicologia, Marilza tem um significado imenso. Ela foi precursora na área de psicologia ao trabalhar com assistência social. Chegou a ser perseguida e ameaçada, principalmente na época da ditadura militar e não se calou. Está aqui nos ensinando a cada dia com sua experiência e suas obras, uma lição de vida. ”, revelou Jane.
Na oportunidade, a poetisa lançou o livro: As aves e poetas ainda cantam. Marilza explicou que o processo de criação é atemporal.
"A inspiração surge em diversos momentos, às vezes chego a acordar de madrugada para escrever. A poesia, muitas vezes, é complexa. Ela surge como dançarinas, dançam até que se constituam. Outras são mais enigmáticas e desaparecem, e tem aquelas que vem como cachoeiras com força total”, filosofa.
Aos 80 anos de idade, Marilza Ribeiro esbanja simpatia e suas obras retratam a libertação do ser humano, a valorização e a realização dos sonhos. A autora sempre liderou movimentos contra a discriminação e violência da mulher e foi a responsável pela fundação da Associação de Mulheres de Mato Grosso, na década de 80. Para Isis Catarina, é uma honra homenagear uma mulher tão forte, atuante e com tantos trabalhos relevantes usados como fonte de estudo por acadêmicos e pesquisadores, além de ser uma das precursoras na luta pelo direito das mulheres.
“Ela é uma pessoa ímpar. Trazer na Casa de Leis é um prazer. A Assembleia realiza esses eventos com muito carinho com o intuito de valorizar a cultura regional e obras que são verdadeiras preciosidades, são patrimônios históricos”, explica Isís.
VIDA E OBRA - Marilza descobriu o interesse pela literatura aos 15 anos. Os primeiros trabalhos foram reflexões sociais publicadas no jornal O Estado de Mato Grosso. Após descobrir o talento para escrever versos, com o texto "Andanças", publicou o livro “Meu Grito”, na década de 70. Nos anos 80 lançou "Corpo Desnudo", "Cantos da Terra do Sol". Em 2004, publicou "Dança dos Girassóis".
HISTÓRICO – Marilza nasceu em Cuiabá em 27 de março de 1934. Graduou-se em psicologia e pedagogia, pela faculdade de Ciências e Letras de São Marcos, em São Paulo. Foi presidente da Associação de Mulheres de Mato Grosso, é facilitadora de Biodança, escritora, desenhista e poeta. Foi homenageada na LiterAmérica (2006), publicou cinco livros de poesia e possui mais cinco livros inéditos. Tem cinco filhos, nove netos e uma bisneta.