“Mato Grosso vai ganhar! É uma questão econômica que envolve o caso, mas prevalecerá a integridade do trabalho do Exército e de Rondon”, assegurou o engenheiro florestal Ramis Bucair Júnior. Dono do único museu particular do Brasil - o Museu de Pedras que leva o seu nome, localizado no calçadão da Rua Galdino Pimentel, centro de Cuiabá - e de um grande acervo histórico sobre Rondon, Bucair não tem dúvidas sobre uma decisão favorável em qualquer instância para o governo mato-grossense.
O engenheiro revelou sua opinião ao presidente das Comissões Permanentes de Revisão Territorial e de Terras e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, deputado Pedro Satélite (PPS), em reunião, após ter sido procurado pelo parlamentar.
Meio século atrás, representando o Estado, o engenheiro integrou a primeira comissão formada para tratar da definição dos limites entre Mato Grosso e Pará. Já naquela ocasião, envolvidos no trabalho, o Exército (Serviço Geográfico) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também fizeram parte do grupo.
Bucair lembrou ainda que, em 1954, ele passou cerca de seis meses percorrendo 780 quilômetros para restabelecer a linha telegráfica entre os municípios de Barra do Bugres - distante 163 quilômetros de Cuiabá - e Vilhena (RO).
Documento valioso
Em uma das paredes da sala que ocupa no Escritório Técnico Ramis Bucair (Eterb) - Engenharia, Geoprocessamento e Planejamento Florestal, situado na esquina das Ruas Pedro Celestino e Voluntários da Pátria, também no centro da Capital, o engenheiro exibe cópia do mapa de Mato Grosso - versão 1952 - com a divisa originalmente traçada pelo marechal Rondon e diferente da utilizada pelo IBGE.
O mapa foi batizado à época com o nome de “Carta do Estado de Mato Grosso e Regiões Circunvizinhas”, depois de organizado e desenhado no Serviço de Conclusão da Carta de Mato Grosso, do então Ministério da Guerra - Estado Maior do Exército. O trabalho foi realizado sob a direção-geral do general de Divisão Cândido Mariano da Silva Rondon e a direção gráfica executiva do general Francisco Jaguaribe Gomes de Mattos, “de acordo com as circunstâncias e os elementos indicados”.
A Carta de Mato Grosso foi assinada por autoridades nacionais e estaduais da época: presidente da República, Getúlio Vargas; ministro da Guerra, general de Brigada Cyro do Espírito Santo Cardoso; também pelo chefe do Estado Maior do Exército, general Álvaro Fiúza de Castro; ministro da Viação, Álvaro de Souza Lima; ministro da Agricultura, João Cleophas de Oliveira; e pelo governador de Mato Grosso, Fernando Corrêa da Costa.
Decepção e questionamentos
“Como alguém ou um órgão do governo federal não reconhece como oficial um documento desse porte, elaborado, confeccionado e assinado por autoridades máximas do nosso país? Por mais documentos legais que já existissem ou viessem a aparecer, a Carta de Mato Grosso não deveria ter sido em qualquer época, no mínimo, motivo de reflexões, debates e discussões políticas acerca da real delimitação da fronteira entre Mato Grosso e Pará?”, questionou Satélite.
O deputado disse, ainda, que suas observações são “genéricas” com relação ao comportamento de governos anteriores sobre o caso da divisa MT-PA. “Não é uma questão pontual sobre este ou aquele, mas houve, sim, falta de vontade política nos anos anteriores”, concluiu o parlamentar.
No encontro, Ramis Bucair também apresentou o Mapa Cadastral do Município de Barra do Garças, de 1960, com as áreas loteadas na região do litígio e os nomes de seus respectivos proprietários. O mapa foi aprovado em dezembro daquele ano pelo então secretário de Agricultura, Indústria, Comércio, Viação e Obras Públicas de Mato Grosso, Manoel Bonifácio Nunes da Cunha.
Em seu escritório, o engenheiro florestal Ramis Bucair Júnior também guarda como um troféu valioso o “Theodolito W. L. E. Gurley Troy N.Y.”. Com o equipamento, o marechal Rondon percorreu 8 mil quilômetros instalando a linha telegráfica, e desbravou e levantou cerca de 500 mil quilômetros quadrados do Centro Oeste brasileiro.
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