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Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso


Sexta-feira, 15 de janeiro de 2016 14h52


ARTIGO

Adeus, Jejé de Oyá

Quando prestamos essa homenagem estamos reverenciando o comportamento social de uma geração

DEPUTADO EMANUEL PINHEIRO / ALMT



Deputado Emanuel Pinheiro (Foto: Marcos Lopes/ALMT)

Esse artigo pretende homenagear um dos principais ícones da cuiabania dos últimos tempos. O nosso inesquecível José Jacinto de Arruda, o querido Jejé de Oyá. Nascido em Rosário Oeste, na cabeceira do Rio Cuiabá, foi acolhido ainda pequeno pela tradicional família cuiabana.

Trata-se de um personagem que há poucos anos foi escolhido em uma eleição realizada pelo jornal Diário de Cuiabá como a figura mais expressiva da identidade cuiabana, simbolizando a cara de Cuiabá. Ele conseguiu retratar o que há de mais essencial do povo cuiabano através do gesto simples e carismático. 

Jejé é comparado a ícones da nossa cultura como Maria Taquara, Zaramela, Zé Bolo Flô, Ezequiel de Siqueira, Mãe Bonifácia, Candi, Maria Perna Grossa, entre tantos outros. Todos simbolizavam o que há de melhor da cuiabania, mas também grande parte da memória viva de uma Cuiabá, que vivia com plenitude a sua identidade.

Desde criança me deparei com a figura bem humorada e alegre, que o acompanhava por meio de circunstâncias de bondade, amor, fé, humildade e carisma. As suas túnicas, os seus colares, o seu jeito afrodescendente faziam parte de uma sociedade conservadora que não se opunha tamanha autenticidade.

Jejé de Oyá foi verdadeiro no seu posicionamento cultural, racial, no gênero e na orientação sexual. Foi pioneiro no Colunismo Social da capital. Ele quebrou paradigmas dentro da sociedade conservadora por ser além de homem, negro e homossexual, ganhando destaque profissional.

Quando prestamos essa homenagem estamos reverenciando o comportamento social de uma geração. Ele era figura requisitada em casamentos, festas de aniversários e festividades dos tradicionais clubes Dom Bosco, Dom Bosco Feminino, Náutico, entre outros, bem como as madrugadas do Sayonara e dos tradicionais bailes carnavalescos.

Com certeza as tardes cuiabanas aos arredores da Igreja da Boa Morte, no centro de Cuiabá, sentirão saudades das caminhadas do irreverente Jejé de Oyá. Infelizmente, perdemos um pouco da nossa identidade, das nossas referências.

Talvez ele não soubesse a dimensão do seu prestígio e do seu talento. Ora, ele morreu com toda a certeza sem saber o quanto foi imprescindível para formação da cultura popular mato-grossense, em especial, de Cuiabá e firmar o Colunismo Social nos patamares dos dias atuais.

Adeus, ícone da nossa cuiabania. Obrigado por tudo que representou para gerações de cuiabanos. Tive o privilégio de conhecê-lo e hoje tenho a alegria de homenageá-lo.  Que a sua característica ímpar inspire novos talentos culturais na Terra de Rondon.

Afinal, quem não conheceu Jejé e não teve o privilégio da sua convivência perdeu uma boa parte da história de Cuiabá e Mato Grosso. Vá em paz Jejé de Oyá um marco da cultura popular cuiabana e mato-grossense!

Emanuel Pinheiro é deputado estadual pelo Partido da República em Mato Grosso


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