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Terça-feira, 6 de outubro de 2015 17h42


OBRAS DA COPA

CPI da Copa colhe depoimentos de ex-diretores da Agecopa e do ex-prefeito de Cuiabá

Além destes, a CPI também ouviu representantes da empresa Deloitte de consultoria

MARIANNA MARIMON / ASSESSORIA DE GABINETE



CPI: Obras da Copa do Mundo (Foto: Fablicio Rodrigues/ALMT)

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as Obras da Copa colheu depoimento dos ex-diretores da Agecopa: de Comunicação, Roberto França; e de Orçamento e Finanças, Jeferson de Castro, além de representantes da empresa de consultoria Deloitte, na sessão desta terça-feira (6). A CPI também recebeu na condição de testemunha a convite, o ex-prefeito de Cuiabá, atual deputado estadual Wilson Santos (PSDB).

Depoimentos Ex-diretores Agecopa

Em seu depoimento, o ex-diretor Roberto França detalhou sua atuação no período que ocupou o cargo, tendo em vista que a Agecopa foi destituída para a criação da Secopa.

Conforme França, a Agecopa não possuía dotação orçamentária própria, por isso o trabalho era levantado pela diretoria de Comunicação, mas executado pela Secretaria de Estado de Comunicação. “O orçamento era vinculado, então tínhamos que atuar com as contratações que o governo do estado já possuia, e, no nosso caso, acontecia via Secom”, observou.

Em sua avaliação, a Agecopa foi extinta para a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). “Seguíamos à risca o acordo firmado com a FIFA na Matriz de Responsabilidade. A Assembleia Legislativa retardou em um ano e meio o trabalho para trazer o modal previsto nesta Matriz, que originalmente era o BRT, para a implantação do VLT. Acabaram com a Agecopa para implantar o VLT, modal definido mesmo sem ter o projeto. A criação da Secopa foi decisiva e foi aprovada em regime de urgência, acredito que por algum interesse empresarial por trás”, disse.

Roberto França também atribuiu os erros de execução das obras da Copa à falta de planejamento. “As obras de infraestrutura eram necessárias para Cuiabá, mas foram feitas sem planejamento, porque não fazia sentido rasgar a cidade como fizeram e abrir várias frentes de trabalho sem concluir nenhuma. Era mais natural realizar obra "etapa por etapa", do Aeroporto ao Porto, um exemplo, já estaria pronto, ao invés de estar como está”, destacou.

Já o ex-diretor de Orçamento e Finanças, Jeferson de Castro, também adiantou que a Agecopa não possuía dotação orçamentáriae por isso utilizavam um orçamento previsto conforme a avaliação de gastos por período. Entre os pagamentos realizados durante sua gestão, Cstro destacou o consórcio para implantação da Arena Pantanal. Jeferson deixou a diretoria em junho de 2012.

 

Depoimentos Empresa Deloitte

Com relação à empresa de consultoria Deloitte, que firmou dois contratos com o governo do estado, o representante Robson Calil Chaar entrou em contradição ao afirmar que não participou da reunião no Rio de Janeiro para apresentação de Cuiabá como cidade-sede. Em depoimento à CPI, Thiago Moreira Salles, à época gerente de contrato da Deloitte em Cuiabá,  confirmou que ele e Chaar estiveram na cidade do Rio de Janeiro para defesa.

A negativa de Robson é no sentido de que a reunião ocorreu em setembro de 2008, no Rio de Janeiro. Contudo, o contrato assinado com a Deloitte por dispensa de licitação só foi firmado em dezembro daquele mesmo ano, o que desvincula a empresa em período anterior.

De acordo com Calil Chaar, a Deloitte foi contratada para prestar consultoria e auxiliar a cidade para preparar o material chamado de Caderno de Encargos, com as intenções assumidas pelo governo para atender aos itens preceituados pela FIFA, desde o tempo de deslocamento até o estádio, até a quantidade de leitos hospitalares disponíveis em Cuiabá.

Este primeiro contrato com o governo ficou em torno de R$ 600 mil para nove semanas de serviços, sendo depois firmado novo acordo com a soma de mais de R$ 4 milhões, perfazendo R$5 milhões. O segundo contrato, com duração de um ano, preconizava a preparação de uma estrutura que permitisse monitorar a evolução das ações que Cuiabá se comprometeu a realizar no Caderno de Encargos.

“Permitimos que o governo realizasse esse gerenciamento de solução de gestão através do monitoramento da evolução destas ações que seriam executadas até 2014”, pontuou Chaar.

Embora Calil Chaar tenha garantido não se recordar da reunião no Rio de Janeiro, Thiago Moreira Salles permaneceu em seu depoimento de que ambos estiveram presentes à apresentação no Rio. “Não posso dizer sobre os contratos firmados, pois nunca acompanhei. Mas estivemos sim no Rio de Janeiro, em setembro de 2008, para participar da apresentação e defesa da cidade como sede para Copa”, garantiu.

Sobre a troca de modal, Thiago explicou que o contrato não preconizava um estudo sobre modelo A ou B, mas que a Deloitte apresentou diversas soluções em que destacavam prós e contras dos modais de transporte, porém sem apontar definições, tendo em vista que tanto análise do material quanto à decisão ficaram sob responsabilidade do governo.

Depoimento do ex-prefeito de Cuiabá

O ex-prefeito de Cuiabá, deputado estadual Wilson Santos (PSDB) , discorreu sobre sua atuação durante o processo de escolha de Cuiabá como cidade-sede e implantação das ações enquanto esteve à frente da gestão municipal.

Wilson Santos afirmou que Cuiabá não possuía recursos para contrapartida das obras que seriam realizadas para o Mundial e que por este motivo o governo tomou para si a execução das obras.

“Participei efetivamente da defesa de Cuiabá como cidade-sede no Rio de Janeiro, por possuir facilidade em expor. Fui um dos que defendeu a Capital, ainda mais por ser o prefeito à época. Porém, a prefeitura não tinha dinheiro para investimento e por isso, o governo tomou a frente de tudo”, salientou.

Além disso, o ex-prefeito destacou que o ex-governador Blairo Maggi (PR) já sabia da escolha de Cuiabá como sede quatro meses antes do anúncio, pois havia sido avisado por Agripino Bonilha Filho, ex-diretor de Voluntariado da Agecopa, que entregou para Maggi uma carta assinada pelo ex-presidente de honra da FIFA, João Havelange.

Para Wilson Santos, a troca do modal BRT pelo VLT foi realizada para que “alguém pudesse ganhar dinheiro, tendo realizado esta conclusão subjetiva, pois não tinha necessidade da mudança”. O deputado destacou ainda que a presidente Dilma havia garantido recursos apenas para o BRT e que as cidades que optaram por outro modal deveriam arcar com o investimento, que no caso do VLT foi realizado via financiamento com a Caixa Econômica.


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Telefone: (65) 3313-6730


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