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Terça-feira, 29 de setembro de 2015 15h59


INVESTIGAÇÃO

CPI da Copa investiga processo de escolha da sede; Nadaf se exime e Pagot responsabiliza governo

Para o ex-diretor do DNIT, Luiz Antônio Pagot, o governo do estado pecou na execução das obras

MARIANNA MARIMON / ASSESSORIA DE GABINETE



CPI: Obras da Copa do Mundo (Foto: Fablicio Roodrigues/ALMT)

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa colheu depoimento do ex-secretário de Turismo e ex-presidente do Comitê Pró-Copa, Pedro Nadaf, na sessão desta terça-feira (29). O ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, também prestou depoimento, porém como convidado. Além disso, a CPI aprovou a convocação do ex-diretor de Infraestrutura da Agecopa e ex-secretário de Esportes de Cuiabá, Carlos Britto.

A convocação do ex-diretor de Mobilização Social e Voluntariado da Agecopa e ex-assessor especial da Secopa, Agripino Bonilha Filho, também foi aprovada na reunião desta terça, bem como a convocação do ex-secretário-adjunto das ações de desapropriações da Secopa, Djalma Sabo Mendes Junior.

Na sessão desta quarta-feira (30), às 14h, serão ouvidos o ex-secretário adjunto de Obras, Jean Martins Nunes, e o ex-secretário de Esportes de Cuiabá e adjunto da Secretaria Estadual de Esportes, Pedro Sinohara.

Depoimento de Pedro Nadaf

“Assumi o cargo de secretário de Turismo em 2007 e o desempenhei até fevereiro de 2008, período em que também estive à frente do Comitê Pró-Copa. Em maio de 2007, iniciamos uma campanha de mobilização da sociedade para trazer a Copa e criou-se o Comitê. O então governador Blairo Maggi me delegou a função de coordenar o processo de angariar apoio”, explicou Nadaf.

Nadaf também destacou que o Caderno de Encargos apresentado à FIFA foi elaborado pela Secretaria de Obras. “O adjunto de Obras, Jean, e a equipe técnica que elaboraram o Caderno de Encargos, o qual me foi entregue já pronto”, relatou.

Além disso, Nadaf também discorreu sobre a apresentação, no Rio de Janeiro, para a FIFA, ocasião em que todas as 20 cidades que pleiteavam a sede dos jogos estavam presentes.

De acordo com Nadaf, além dos ecossistemas de Mato Grosso, foram apresentados dados e números sobre a rede hoteleira do estado, bem como disponibilidade de leitos hospitalares, hospitais, jogos de seleções internacionais no antigo Estádio do Verdão, entre outros pontos que favoreciam Cuiabá.

Ao ser questionado pelo relator da CPI, deputado estadual Mauro Savi, sobre qual 'mágica' foi realizada para trazer a Copa para  a Capital, tendo em vista a competitividade das demais cidades candidatas, o ex-secretário de Turismo disse que o que pesou em favor de Mato Grosso foi o fato de a Copa do Mundo de 2014 ter como tema a proteção ambiental.

Depois de três meses da apresentação no Rio de Janeiro, conforme depoimento do convocado, o ex-governador Blairo Maggi solicitou viagem a Zurique juntamente com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para acompanhar o anúncio da escolha do Brasil como sede da Copa.

“Blairo teve de 5 a 10 minutos de conversa com o então presidente da FIFA, Joseph Blatter, para quem mostrou o bioma e a diversidade do estado. Após dois meses desta viagem, deixei a Secretaria de Turismo e me desliguei totalmente da condução do processo de escolha. Não tive participação em ações e atividades como processos licitatórios ou de definições para a Copa. Em 2014, ajudei a organizar a pedido do governador para receber as autoridades já no cargo de secretário-chefe da Casa Civil”, argumentou.

Pedro Nadaf também destacou não ter conhecimento sobre o fundo de arrecadação específico para a Copa do Mundo, conforme depoimento do ex-secretário de Esportes, Baiano Filho. “Não tenho conhecimento sobre fundo, pois não havia definição sobre as subsedes quando estava à frente do Comitê. Sei que os recursos estavam programados, pois financiamentos ocorreriam através do governo federal -que havia feito este compromisso. Mas quem fazia a interlocução com o Ministério de Esportes era o próprio Baiano”, reiterou.

Sobre a troca do modal BRT para VLT, Nadaf disse que não sabe o porquê da mudança, mas que na Matriz de Responsabilidade da FIFA constava o BRT.

Já sobre atrasos das obras, cronograma e pagamentos, Nadaf apontou que cada situação colaborou para os eventuais problemas. “Não tenho juízo de valor sobre o que levou a esta situação, mas os atrasos de repasses com a greve do DNIT também contribuíram para atrasar as obras da Miguel Sutil, por exemplo, que eram 100% conveniadas com o órgão”, disse.

Nadaf negou que tenha se reunido com empresas ou empreiteiras com interesse nas obras da Copa. E disse não ter conhecimento de nenhum acordo para acertar a escolha de Cuiabá como sede.

Depoimento de Luiz Antônio Pagot

Além de Nadaf, o ex-diretor do DNIT, Luiz Antônio Pagot, foi ouvido na condição de convidado em que explicitou sua atuação como voluntário, para campanha para Cuiabá ser cidade-sede, e que se desligou do Comitê Pró-Copa ao assumir o cargo federal.

Sobre os projetos apresentados à FIFA, se eram ações estritamente governamentais, Pagot destacou que entidades como Aprosoja, Famato e AMPA se reuniram e doaram os projetos ao governo, tendo em vista o prazo curto para licitação dos mesmos.

CPI: Obras da Copa do Mundo (Foto: Fablicio Roodrigues/ALMT)

Segundo Pagot, os pregões lançados pelo governo para as obras não possuíam exigências específicas, o que permitia que empresas pequenas e sem qualidade ou padrão técnico participassem. “Os pregões faziam poucas exigências e sequer tinham um seguro de garantia de execução, que é normal, mas não havia qualidade técnica, e pegaram belos projetos e recursos financiados pelo governo, que é o mais difícil de conseguir. Essas empresas não possuíam acervo de máquina e nem expertise no assunto, por isso tiveram que trocar as empresas, mas por outras nos mesmos moldes, e então fica a situação que vemos hoje”, salientou.

Para o ex-diretor do DNIT, o governo do estado pecou na execução das obras. “Foram muitas entrevistas, viagens internacionais, mas nas obras não havia trabalhadores, até essa gerenciadora contratada sempre teve deficiências, o que gerou este caos que vivemos hoje com obras inacabadas”, observou.

“As obras aconteceram sem planejamento, as ações foram descasadas, não havia um plano sobre a água, esgoto, fibra ótica, energia, que também possuem cabos debaixo da terra, então não foi pensado início, meio e fim, e essas obras urbanas é preciso pensar desde o início, levando em consideração as desapropriações que precisavam ser feitas antes. Até a energia para o VLT, por exemplo, são necessárias 32 subestações para alimentar este modal, e acredito que até hoje não temos isso”, disse.

Pagot também ressaltou que era contra BRT e VLT, tendo em vista que a cidade precisava ser repensada com novas vias urbanas e integração das já existentes para se pensar em um modal novo que atendesse as necessidades de Cuiabá e Várzea Grande, sendo as maiores cidades do estado e que se interligam.

O presidente da CPI das Obras da Copa, deputado estadual Oscar Bezerra (PSB), considerou que o depoimento de Pagot foi mais consistente por trazer informações contundentes ao andamento do processo de investigação.

“Este processo dos primeiros depoimentos parece morno, mas é necessário, pois é o contexto histórico que vai mostrar o caminho de eventual direcionamento que houve de licitações, por exemplo. Daremos continuidade à investigação, chegaremos a quase 100 depoimentos, a CPI é gigantesca. Mas tenho convicção de que iremos levar um resultado positivo à sociedade”, concluiu Oscar.


Gabinete do deputado Oscar Bezerra

Telefone: (65) 3313-6730


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