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Quinta-feira, 26 de novembro de 2015 15h59


CPI DA COPA

Depoimentos apontam para indícios de direcionamento na contratação de projetos da Arena Pantanal

A CPI das Obras da Copa colheu depoimento das empresas que concorreram com as vencedoras para elaborar os projetos básico e executivo da Arena Pantanal

MARIANNA MARIMON / ASSESSORIA DE GABINETE



Oitivas da CPI das obras da copa 2014 (Foto: Ronaldo Mazza/ALMT)

Os depoimentos prestados na sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa na quarta-feira (25) apontam para indícios de direcionamento na contratação, por dispensa de licitação, dos projetos para a construção da Arena Pantanal. 

As duas empresas vencedoras possuíam ligações com as demais concorrentes. A empresa Castro Mello Arquitetos recebeu R$ 500 mil para entregar projeto básico para o estádio e a GCP Arquitetura R$ 14 milhões para projeto básico e executivo.

A empresa Castro Mello Arquitetos foi a escolhida para elaborar o projeto básico para a Arena Pantanal, sendo que concorreu diretamente com a Teuba Arquitetura e Urbanismo, de propriedade de Rita de Cássia Alvez Vaz, que depôs ontem (25/11), e é sócia de Cristina Castro Mello. Cristina é irmã de Eduardo Castro Mello, dono da empresa vencedora.

O primeiro projeto custou R$ 500 mil e foi descartado pelo governo do Estado, que depois contratou, também por dispensa de licitação, a GCP Engenharia por R$ 14 milhões para entregar o projeto básico e executivo da Arena Pantanal.

Além da Teuba Arquitetura, a empresa Strutecnica Projetos e Obras Especiais concorreu com a Castro Mello. O ex-diretor da Strutecnica, Américo Fontana, em seu depoimento confirmou que o objeto contratado era o projeto básico. Rita de Cassia alega que era o ‘pré-projeto básico’, já Eduardo Castro Mello informa que seria um estudo prévio de viabilidade. A Castro Mello entregou objeto diferente do contratado.

Fontana, em seu depoimento, garantiu que a Strutecnica não faz cobertura de preço e que o valor entregue ao governo do Estado foi dado após pesquisa e consultoria. “O projeto básico apresenta a viabilidade mais próxima da realidade, diferente do estudo de pré-viabilidade, mas o que foi solicitado para que encaminhássemos a proposta ao governo era para desenvolver o projeto básico”, reiterou.

Já Rita de Cássia alega que o objeto da contratação não poderia ser o projeto básico, tendo em vista o tempo exíguo de 30 dias para entrega do mesmo e que a diferença seria por uma nomenclatura utilizada nos Estados Unidos. A depoente também destacou não se recordar de como foi convidada para apresentar proposta ao governo de Mato Grosso.

“Não sabia quantas empresas estavam participando, só fui saber que a Castro Mello havia sido a vencedora recentemente. A minha sócia Cristina é irmã do Eduardo, mas nossos escritórios são totalmente independentes, temos 37 anos de experiência. Agora como chegaram até nós, é uma incógnita, não posso saber. Mas isso implica no quê, a Cristina ser minha sócia e irmã do Eduardo? Minha empresa nunca fez cobertura de preço”, indagou.

Com relação ao objeto solicitado pelo governo e que foi diferente do entregue pela Castro Mello, Rita de Cássia explicou que entregou um ‘pré-projeto básico’. “Então a minha proposta não deveria nem ter sido aceita e sim desclassificada. E não se faz um projeto básico em 30 dias, com todas as especificidades, então, por isso ficou essa denominação. A definição não é simples. O projeto básico já prevê o lançamento da estrutura para fazer o orçamento da obra”, afirmou.

Rita de Cássia também confirmou que o governo do Estado não solicitou comprovação de capacitação técnica da empresa Teuba Arquitetura.

Os outros depoimentos colhidos foram de empresas que concorreram na contratação, por dispensa de licitação, para a substituição do projeto da Castro Mello, sendo o objeto a elaboração de projeto básico e executivo para a Arena Pantanal, cuja vencedora foi a empresa GCP Arquitetura por R$ 14 milhões.

O arquiteto e diretor da Core Arquitetos Associados, Eduardo Laterza prestou depoimento e disse que trabalhou na GCP Arquitetura e que mantinha relação de cunho pessoal com o proprietário Sérgio Coelho, já que agora, são concorrentes.

“Éramos amigos e trabalhamos juntos na GCP, então eu saí e abri a Core e viramos concorrentes, pois levei o principal cliente que era o Walmart. Temos uma relação pessoal desde então e não mais comercial, pois somos concorrentes”, afirmou.

Sobre como foi escolhido para apresentar proposta, Eduardo destaca não se recordar, mas que possivelmente tenha sido por carta-convite encaminhada pelo próprio governo do Estado. “Não sabia que os outros também estavam participando, a nossa empresa possui porte que poderia atender ao escopo, só fui saber quando descobri que o Sérgio estava fazendo o projeto, o governo nem nos avisou que havíamos perdido”, apontou.

Eduardo Laterza negou ter realizado a cobertura do preço da GCP. “Acreditava que já estávamos mergulhando neste projeto com a proposta de R$20 milhões, então a GCP sequer teve lucro com esse valor”, ressaltou.

O outro depoente foi o arquiteto e diretor da Orbi Projetos de Arquitetura, Edison Borges Lopes, cuja empresa também atuou como concorrente no processo de contratação do projeto. Edison negou que tenha encaminhado proposta apenas para fazer a cobertura do valor da GCP.

No entanto, Edison Borges Lopes confirmou que foi colega de faculdade do proprietário da GCP, Sérgio Coelho, e depois trabalharam juntos, sendo que foram sócios na empresa, mas desde 2006 não possuem relações comerciais, pois abriu a própria firma em 2003, a Orbi.

“Encaminhamos o material conforme a descrição do que precisava, pelo tempo ser curto utilizamos o descritivo do escopo e aí colocamos a nossa proposta. Recebemos a solicitação da proposta por e-mail, mas eu apago meus e-mails de cinco em cinco anos, então não possuo uma cópia do que nos foi encaminhado”, relatou.


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