Brasão

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso


Terça-feira, 26 de abril de 2016 12h56


CPI DA COPA

Engenheiro diz que concorrência pública do VLT foi sigilosa

Massimo Giavina Bianchi afirmou ainda ter elaborado, em um final de semana, o estudo de comparação entre o BRT e o VLT que iniciou a discussão sobre a troca do modal

LAURA NABUCO / ASSESSORIA DE GABINETE



CPI: Obras da Copa do Mundo (Foto: Marcos Lopes/ALMT)

Sigilosa ao ponto de nem mesmo os membros dos consórcios concorrentes terem acesso a todo o teor das propostas apresentadas. Assim ocorreu a licitação para escolha das empresas que implantariam o VLT em Cuiabá e Várzea Grande, segundo o engenheiro Massimo Giavina Bianchi, que prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa do Mundo de 2014 nesta terça-feira (26).

Proprietário da TTrans, empresa que elaborou o primeiro estudo de comparação entre o BRT e o VLT apresentado em Mato Grosso, Bianchi relatou ainda que os dados trazidos por ele para a audiência pública apontada como o ponto de partida para as discussões sobre a troca do modal foram retirados da internet e compilados em um único final de semana.  

“Iniciei num sábado e na segunda estava pronto. Eu nem sequer conhecia a cidade. (...) Apresentei em uma reunião de meia hora (ao então governador Silval Barbosa - PMDB) e depois me levaram para uma entrevista coletiva, com um monte de jornalistas. Uma fria danada”, disse aos deputados membros da investigação.

Segundo o engenheiro, o estudo em questão lhe foi solicitado por um amigo com quem havia trabalhado anos antes. Bianchi afirmou que se surpreendeu ao saber que um deputado de Mato Grosso (José Riva) queria acesso aos dados e que veio a Cuiabá porque fazia parte da estratégia comercial de sua empresa fornecer estudos gratuitamente na expectativa de firmar contratos posteriores.

O engenheiro afirmou ainda que participou de um dos consórcios que disputaram a licitação do VLT. Sua atuação, no entanto, teria sido limitada ao fornecimento dos sistemas de rodagem do veículo, não tendo ele, sequer, conhecido o teor completo da proposta das empresas envolvidas. “Nem a planilha (de preços) eu conheço. Dei os valores e eles que preencheram”, disse.

Questionado sobre o possível direcionamento da licitação, Bianchi relutou em fazer afirmações. Pontuou, contudo, que esta teria sido a única concorrência pública da qual tem conhecimento em que apenas o líder do consórcio podia participar do processo. “Isso não é normal! Concorrências públicas têm que ser abertas ao público, por que essa foi fechada?”, pontuou.

Custo da obra

Sobre o estudo que teria iniciado a discussão acerca da troca do BRT para o VLT, o engenheiro afirmou que o fez com base em informações repassadas pelo amigo que o solicitou. Os dados eram um fluxo de 300 mil passageiros para uma via de 20 quilômetros de extensão, o que lhe fez concluir que 20 vagões seriam suficientes para atender a demanda, metade do que acabou sendo adquirido pelo governo do Estado.

De acordo com Bianchi, este fato pode ter contribuído para a discrepância entre o valor sugerido em seu levantamento (aproximadamente R$ 700 mil) e o licitado pelo Estado (1,4 bilhão). Além disso, o estudo apresentado na audiência pública não considerava, segundo ele, as obras de engenharia civil necessárias. “Tenho absoluta certeza que o estudo tinha a ressalva de que o custo total dependia da obra civil”, ressaltou.

Ainda conforme Bianchi, decisões técnicas como a largura dos trilhos (bitola) também podem ter elevado o custo das obras de engenharia civil. O engenheiro sustenta ter sugerido que fosse usada uma medida de 1 metro, o que reduziria o valor do empreendimento. O Estado, no entanto, teria optado por 1,435 metro.

“No Brasil, só tem VLT de 1 metro ou 1,6 metro. Para vender os vagões (comprados a mais), teria que existir um novo sistema de VLT a ser implantado. Se tivessem optado pelo de 1 metro, seria mais fácil encontrar comprador”, afirmou ao ser questionado sobre a intenção do atual governo de comercializar parte dos vagões já adquiridos.

Depoimentos

A CPI das Obras da Copa ouviu também o engenheiro Gamaliel Cruz Soares, convocado pela segunda vez para depor. O depoimento dele, no entanto, foi considerado prejudicado pelo presidente das investigações, o deputado estadual Oscar Bezerra (PSB), já que Soares afirmou quase todo o tempo não se lembrar dos fatos questionados.

Jamir Silva Sampaio teve sua oitiva remanejada para esta quarta-feira (27) devido ao horário de encerramento da reunião. Além dele, prestarão depoimentos os engenheiros Arnaldo Manuel Antunes e Fernando Orsini Nunes de Lima, ligados ao Consórcio VLT Cuiabá. A reunião tem início às 14h e será realizada no auditório Milton Figueiredo.


Gabinete do deputado Oscar Bezerra

Telefone: (65) 3313-6730