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Terça-feira, 8 de agosto de 2023 14h38


ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

Audiência pública discute saúde indígena em Mato Grosso

Na oportunidade, o presidente da comissão, deputado Lúdio Cabral (PT), explicou que Mato Grosso perdura na segunda posição entre os estados com maior número de óbitos de indígenas dos últimos anos

JOSÉ LUIS LARANJA / Secretaria de Comunicação Social



Foto: JLSIQUEIRA / ALMT

A situação da saúde indígena em Mato Grosso foi tema de audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa na manhã desta terça-feira (8). Com o objetivo de buscar alternativas e debater o assunto, a Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social da Casa reuniu representantes de várias etnias, membros da Secretaria de Estado de Saúde e entidades públicas e civis.

Sensíveis às enfermidades trazidas por não índígenas e, muitas vezes, habitando regiões remotas e de difícil acesso, as populações indígenas são vítimas de doenças como malária, tuberculose, infecções respiratórias, hepatite, doenças sexualmente transmissíveis, entre outras. Durante a audiência, também foram citados dois graves problemas que estão deixando os líderes indígenas preocupados: alto índice de suicídio nas aldeias e consumo constante de bebidas alcoólicas.

Além da baixa imunidade, os hábitos coletivos e a falta de tratamentos tornam a população nativa especialmente vulnerável a doenças trazidas por não indígenas.

Na oportunidade, o presidente da comissão, deputado Lúdio Cabral (PT), explicou que Mato Grosso perdura na segunda posição entre os estados com maior número de óbitos de indígenas dos últimos anos. O estado fica atrás apenas do Amazonas.

“Diante do que foi apresentado na audiência, a situação da saúde indígena em Mato Grosso preocupa bastante. A comissão vai fazer um relatório específico desse assunto e apresentar ao governo do estado para buscar alternativas e melhorar as condições indígenas em Mato Grosso”, disse o deputado.

“O debate foi oportuno e vimos que os indicadores de saúde e epidemiológicos e a organização da assistência dos serviços são problemas graves em algumas aldeias. Entendo que devemos estudar a possibilidade de alimentar o debate futuramente sobre esse assunto”, completou Lúdio.

Para o deputado Dr. Eugênio, membro da Comissão de Saúde, a solução dos problemas indígenas não é somente da União, mas “responsabilidade de todos, tanto é que a Comissão de Saúde convocou a audiência pública exatamente para que possamos discutir a responsabilidade dos atendimentos à saúde primária, secundária e terciária dos povos indígenas em nosso estado”, disse ele.

Vale destacar que o deputado tem experiência de vários anos no atendimento aos povos indígenas. “Desde 1997, trabalho com as etnias Xavante e Xingu e até me surpreendi com o depoimento do coordenador de Colíder, de que não possui nenhuma aldeia no município, mas são atendidos pela prefeitura. Temos que melhorar e avançar no atendimento à saúde dos povos indígenas”, destacou dr. Eugênio.

Em pauta apresentada, um dos grandes problemas que acometem a etnia Carajá é o alto número de suicídios e alcoolismo na aldeia Santa Isabel, situada na Ilha do Bananal. O líder da aldeia, Lané Carajá, cobrou mais profissionais para atendimento médico, visto que o grupo registrou, nos últimos anos, cinco suicídios e, deste número, três estavam alcoolizados.

“O suicídio e o alcoolismo não são da nossa cultura e foram levados às aldeias. Trata-se de um choque cultural que estamos vivenciando diariamente. Estamos trabalhando muito na conscientização com profissionais capacitados nas aldeias, como psicólogos. Esse problema acontece há anos, mas agora a situação ficou complicada”, revelou.

Em sua grande parcela, os índios vivem em tribos e sobrevivem do cultivo de alimentos, bem como da caça e pesca. Alguns povos vivem totalmente isolados da sociedade nacional, enquanto outros são mais receptivos.

Terceiro maior estado em extensão territorial do país, com 903 mil km², Mato Grosso registra 42.538 indígenas, divididos em 42 etnias. Os dados são do último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Essa audiência pública proporcionou colocarmos a verdadeira situação da saúde nas aldeias. Em muitos municípios, a demora para realizarmos exames e recebermos medicamentos e as internações são problemas grandes”, comentou o líder da reserva Nossa Senhora de Fátima, da etnia Xavante, de Barra do Garças, Lino Tsereubudzi Moritu.

“Nossa demanda de doenças é grande, principalmente no agendamento. Em muitas vezes, os pacientes vão a óbito. Também a falta de profissionais que atendem nossa demanda preocupa bastante e, por isso, estamos reivindicando médicos, enfermeiros e psicólogos às prefeituras e ao governo do estado”, complementou ele, responsável por 346 aldeias em 14 municípios do Vale do Araguaia.

Outro dado lembrado durante a audiência pública é que cerca de 55% da população indígena vive na chamada Amazônia Legal. Essa região abrange os estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e parte oeste do Maranhão. As terras indígenas localizadas nessa área são maiores do que aquelas existentes em outras regiões do país.

De acordo com a responsável da área técnica da saúde indígena da Secretaria de Estado de Saúde, Silvana Cardoso Gomes, eventualmente o órgão recebe as demandas relacionadas à reocupação, principalmente na época da pandemia, que abriu um fluxo muito grande dessa necessidade.

“O que percebemos é que as dificuldades que existem aparecem em geral para a população mato-grossense. Há conhecimento realmente desse problema na saúde indígena e, na medida do possível, estamos fazendo os encaminhamentos e orientações aos necessitados para que a demanda seja atendida em tempo oportuno a partir da urgência e emergência da situação”, finalizou ela.


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