Foto: ANGELO VARELA / ALMT

Visando à conscientização contra as desigualdades raciais, o deputado estadual João Batista (Pros) promoveu a Roda de Conversa Tereza de Benguela e a Mulher Negra, evento que reuniu, na tarde da última quinta-feira (15), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), profissionais e militantes do movimento negro, além de crianças, adolescentes e alunos da Escola Estadual Quilombola Tereza Conceição de Arruda, de Nossa Senhora do Livramento.

De acordo com o parlamentar, o encontro fez parte das comemorações do Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, regulamentada pela Lei n° 12.987 e instituída no Brasil no dia 25 de julho. “Apesar da instituição da lei, ainda há muito a ser feito para haver igualdade racial no Brasil. É preciso desenvolver políticas sociais de enfrentamento àquilo que fere os direitos humanos e afeta, principalmente, as mulheres negras. Meu objetivo é trabalhar essa frente, promover políticas públicas e projetos voltados ao tema”, avaliou.

Abrindo a programação, o público prestigiou o grupo de dança Afro Herança de Tereza. A apresentação infantil emocionou a plateia. “Presenciamos diariamente que o preconceito começa desde a educação, na rua, na escola e muitas vezes por pessoas que deveriam combatê-lo. Já ouvi relatos de expressões do racismo em situações diversas, vivemos isso todos os dias”, afirmou Laura Guimarães, participante do evento.

Durante o encontro, a professora Antonieta Luiza Costa, presidente de honra do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune-MT), destacou que o Dia Nacional de Tereza de Benguela é um marco como dia de luta e resistência. “Infelizmente, nós somos as que mais sofrem por violência no estado. Segundo pesquisas, Mato Grosso está em segundo lugar no ranking. Gostaríamos de contar com o apoio do deputado João Batista para construir políticas públicas eficazes que atendam aos desafios existentes para a mulher negra”, frisou Antonieta.

Outros participantes do encontro fizeram questão de salientar a importância da iniciativa proposta pelo parlamentar. “É de grande importância a criação de espaços de debates como estes que visam o fortalecimento e o cuidado com as questões do negro na sociedade”, afirmou Manoel Silva, presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Cepir).

Joquebedy Mourão, representante da Comissão da Mulher pelo Partido Republicano da Ordem Social (Pros), agradeceu ao parlamentar pelo convite e afirmou que o espaço foi uma oportunidade para reflexão sobre o tema. “É uma imensa satisfação participar dessas discussões e juntos encontrarmos soluções para a luta das mulheres negras em nosso estado. Não é fácil combater a discriminação, mas se fizermos um pouquinho, juntos conquistaremos muito. Que prevaleça o respeito, o amor e a igualdade, sempre”, ponderou Joquebedy.

 A professora Mariza Beatriz de Souza, diretora de mulheres da Federação dos Servidores Públicos de Mato Grosso, destacou o momento propício para discutir a retirada de direitos, que tem afetado a vida das mulheres. “Trago em discussão as dificuldades de inclusão do negro em atividades socioculturais, bem como como a falta de estrutura e políticas públicas voltadas para a cultura afro”, salientou Mariza.

"Resgatar nossa história, falar das nossas demandas, reconhecer nossa identidade, que ao longo da história tentam apagar, hoje foi uma tarde muito importante. É visível o ataque ao povo negro, em especial às mulheres, que estão na linha de frente desses ataques. Somos nós as primeiras a perder direitos, a sofrer com o retrocesso, a sucumbir com esses ataques com as chacinas, com o desemprego e com a precarização do serviços públicos. Queremos conversar para entender o porquê dessa realidade brutal, como resistir e entender qual luta estamos travando", finalizou Nilce Santana, presidente da Associação Umbandista de Mato Grosso (Assumat).

Além da população em geral, participaram do evento, mulheres representantes de associações, sindicatos, movimentos socioculturais e autoridades, entre eles, Elis Regina Prates (coordenadora  do Fórum de Mulheres Negras); professora Gonçalina Eva Almeida (coordenadora pedagógica da Escola Estadual Quilombola Tereza Conceição de Arruda); Nariane Ramos (vice-presidente da Comissão de Defesa da Igualdade Racial da OAB-MT); Rosana Leite Antunes de Barros (coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública); Jamilson Haddad (juiz de direito da Coordenadoria Estadual da Mulher do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso) e Carlos Brito (secretário-adjunto de Relações Políticas da Casa Civil).