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Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso


Terça-feira, 14 de junho de 2005 11h21


UM VELHO GARIMPEIRO NA PEQUENA CIDADE BRASILEIRA DE ALTO PARAGUAI, EM MATO GROSSO, A 220 QUILôMETROS DA CAPITAL, CUIABá, é O MELHOR EXEMPLO DA DECADêNCIA DE UMA ATIVIDADE QUE SEMPRE ESTEVE VINCULADA à HISTóRIA POLíTICO-ECONôMICA DO ESTADO – E, EVIDENTEMENTE, FEZ PARTE DA SUA OCUPAçãO TERRITORIAL...

A falência dos garimpos

O presidente da Assembléia Legislativa já nomeou a Comissão Especial que vai levar a questão da mineração em Mato Grosso ao debate com a sociedade

ADEILDO LUCENA / SECRETARIA DE IMPRENSA



Um velho garimpeiro na pequena cidade brasileira de Alto Paraguai, em Mato Grosso, a 220 quilômetros da Capital, Cuiabá, é o melhor exemplo da decadência de uma atividade que sempre esteve vinculada à história político-econômica do Estado – e, evidentemente, fez parte da sua ocupação territorial.

Elias, Elias Prado é o nome do velho garimpeiro. Todas as manhãs – menos aos sábados e domingos –, faça chuva ou faça sol, mal desponta o dia deixa a sua casa e caminha a passos lentos, porém firmes apesar da idade (78 anos), até uma das raras lavras de diamantes em atividade no município, onde ainda há esperança de produção. E ali, em meio a uma paisagem que mais se assemelha com uma cratera lunar, começa a cavar a terra ou a lavar o cascalho em busca de um sonho que vem alimentando há mais de 50 anos: encontrar um diamante sem jaça e de muitos quilates.

Houve tempo, é verdade, em que “Seu Elias” acreditou estar próximo de realizar o seu sonho de riqueza. Na fase áurea do garimpo, quando até frutas e verduras chegavam a Alto Paraguai de avião, dinheiro era o que não faltava. “As pedras (diamantes) eram mais fáceis de encontrar”, recorda com uma certa ponta de nostalgia o velho garimpeiro – um homem que, como muitos outros, dedicou mais de meio século da sua vida aos duros trabalhos de garimpagem de diamantes, inclusive depois de 1970 quando essa atividade mineradora passou a ter também sua lavra mecanizada.

Hoje, morando numa casa que comprou com parte do dinheiro da venda de um diamante de 15 quilates, o velho garimpeiro praticamente sobrevive com o dinheiro da aposentadoria (um salário mínimo) que recebe da Previdência Social. Mas não desiste nunca: “O garimpo de diamantes aqui acabou. Mas eu ainda não perdi a fé de encontrar um dos grandes”, diz com o olhar perdido na distância o velho garimpeiro, que, a exemplo de tantos outros, povoou a sua existência com os sonhos que não se realizaram.

DECADÊNCIA - Hoje em dia, a realidade de Alto Paraguai, a exemplo de outros municípios que surgiram com a produção de diamantes e/ou de ouro, não difere muito da do velho garimpeiro. Atualmente os trabalhos de lavra estão em franca decadência. A atuação de empresas de mineração é inexistente e a atividade garimpeira sobrevive através de meia dúzia de dragas.

Segundo um trabalho realizado através de convênio de cooperação e apoio técnico-científico CPRM – Serviço Geológico do Brasil/Secretaria de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia do Estado de Mato Grosso – SICME-mt, sobre geologia e recursos minerais do Estado, e que levou quase 20 anos para ser concluído, o diamante também faz parte da história de Mato Grosso. As primeiras descobertas datam de 1747 no rio Paraguai, quando deu origem ao povoado de Diamantino. Mas com a proibição de sua exploração na época pela Coroa Portuguesa, a atividade de extração não teve prosseguimento.

O trabalho revela também que somente a partir do século XX foi iniciada a produção de diamantes em Mato Grosso, seguida à implantação de importantes povoados, hoje cidades como Dom Aquino (1920), Poxoréu (1924), Torixoréu (1931), Barra do Garças (1932), Nortelândia (1937), Araguainha (1943) e Paranatinga (1964). A partir de então, a exploração de diamantes tornou-se uma atividade tradicional em Mato Grosso nos Distritos Diamantíferos de Paranatinga, Rio das Mortes, Alto Paraguai e Juína, através de empresas de mineração.

O projeto dos governos Estadual e Federal revela ainda que posteriormente esta atividade garimpeira estendeu-se para outras áreas, seguida pela atuação de empresas de mineração, com desenvolvimento de pesquisas minerais, o que levou o estado a ocupar uma posição de destaque na produção mineral brasileira, notadamente na área de rochas carbonáticas, ouro e diamante.

Assim, baseado no fato de que “a história político-econômica do Estado de Mato Grosso está intimamente vinculada ao setor mineral, inicialmente com a extração garimpeira de ouro em Cuiabá e diamante na região de Poxoréu, Alto Paraguai e Diamantino”, o deputado Gilmar Fabris (PFL) requereu na Assembléia Legislativa a constituição de Comissão Especial com a finalidade de levar “a amplos debates com a sociedade mato-grossense questões impulsoras da mineração”, conforme projeto concebido e executado pelos governos Estadual e Federal: “Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso” e seu impacto no cenário da economia mato-grossense.

A Comissão Especial proposta por Gilmar Fabris, com cinco membros e prazo de duração de até 300 dias a contar da data de sua constituição, foi nomeada no dia 27 de abril de 2005 pelo presidente da Assembléia Legislativa, deputado Silval Barbosa (PMDB). Ela está assim constituída: Gilmar Fabris (PFL); Carlos Brito (sem partido); Nataniel de Jesus (PMDB); Ságuas Moraes (PT) e Dilceu Dal Bosco (PFL), tendo como suplentes os deputados Chico Daltro; Alencar Soares; Eliene Lima; Mauro Savi e Renê Barbour. Mais informações
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