Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

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Quinta-feira, 14 de abril de 2005 12h08


A ASSEMBLéIA LEGISLATIVA DEU UM PASSO IMPORTANTE ESTA SEMANA PARA A PROTEçãO AMBIENTAL EM MATO GROSSO. DEPOIS DE TRAMITAR UM ANO E CINCO MESES NA COMISSãO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HíDRICOS DO LEGISLATIVO, FOI APROVADO UM PROJETO DE LEI...

AL aprova lei proibindo comercialização do amianto

Em nível internacional existem diversos movimentos em defesa do banimento do amianto, causador de doenças cancerígenas

SÉRGIO FERNANDES / ASSESSORIA DE GABINETE



A Assembléia Legislativa deu um passo importante esta semana para a proteção ambiental em Mato Grosso. Depois de tramitar um ano e cinco meses na Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Legislativo, foi aprovado um Projeto de Lei que determina a proibição da venda de produtos à base de amianto/asbesto destinados à construção civil.

Projetos semelhantes já foram aprovados por dezenas de estados e municípios no país. Em nível internacional existem diversos movimentos em defesa do banimento do amianto, causador de doenças cancerígenas.

O projeto aprovado é de iniciativa da deputada estadual Vera Araújo, do PT. A proposta teve sua constitucionalidade garantida em votação corrida em 12 de novembro de 2003 e só esta semana foi aprovada na comissão de mérito. O projeto de Lei, que segue agora para sanção ou veto pelo governador Blairo Maggi, veda a fabricação, ingresso, comercialização e a estocagem destes produtos no Estado.

Agências de saúde internacionais como a National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH), a International Agency for Research on Cancer (IARC), a American Conference of Governmental Industrial Hiygienists (ACGIH) e a Diretiva de Substâncias Perigosas da União Européia apontam que produtos feitos a partir de toda as formas de amianto podem causar câncer.

Em geral, dependendo das condições do ambiente de trabalho, os estudos mostram que a doença causada por estas substâncias pode levar de cinco a 40 anos para se manifestar. Os tipos de tumores malignos mais comuns causados pelo amianto são os de pulmão, pleura e peritônio.

De acordo com a deputada Vera, a União Européia vem estudando a proibição da comercialização de amianto em todos os seus países membros. Itália, França e Alemanha já proíbem a utilização de amianto desde a década passada. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem uma tem uma Convenção (n.º 162) que trata sobre o controle da produção e comercialização do amianto.

Nos Estados Unidos, a agência local de proteção ambiental, a Environmental Protection Agency (EPA), tentou banir a utilização de amianto desde o final da década passada, mas sua intenção foi barrada pela Justiça americana. A Justiça brasileira também já colocou obstáculos a esse tipo de proibição. Das cerca de 40 leis estaduais e municipais existentes, duas não estão em vigor, em São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Conforma a justificativa do projeto, o amianto provoca dois tipos principais de tumores. A asbestose é uma doença de origem ocupacional, provocada pela inalação de poeira de amianto e é caracterizada for fibrose pulmonar crônica e irreversível, ou seja, não tem tratamento.

Seu aparecimento está relacionado ao tamanho e concentração das fibras presentes no ambiente de trabalho. Em geral, a asbestose se desenvolve após 10 anos de exposição, porém, quando os níveis de poeira do amianto são elevados, os trabalhadores poderão desenvolver a doença em 5 anos.

O outro tumor maligno é o mesotelioma, que se desenvolve no mesotélio - membrana que envolve o pulmão (pleura), o abdômen e seus órgãos (peritônio) - e seu surgimento está intimamente ligado à exposição ao amianto. O mesotelioma se manifesta, geralmente, 30 a 40 anos após a exposição às fibras da substância. Entretanto, cerca de 50% dos trabalhadores com a doença morrem no período de 12 meses depois de diagnosticado o tumor e 20% apresentam quadro de asbestose associada.

O sintoma mais importante é a dificuldade de respirar, primeiramente, quando se faz esforço e depois até quando a pessoa está em repouso, refletindo a gravidade do comprometimento pulmonar. Também pode haver tosse contínua.

A população em geral está exposta a estes problemas devido à liberação de fibras de diversos materiais e produtos que o contém o amianto, como telhas de fibrocimento, revestimentos isolantes, roupas, materiais decorativos, freios e outros. No entanto, trabalhadores, seus familiares e comunidades vizinhas às indústrias deste tipo de material correm mais risco.

Pelo projeto apresentado, só estarão livres da proibição os estoques já existentes quando da sanção do projeto. A proposta prevê uma multa de 500 UFIRs para os infratores, que será cobrada em dobro no caso de reincidência.

Utilização do amianto é ampla

Conforme informações disponíveis no site do Instituto Nacional do Câncer (www.inca.gov.br), o Brasil tem cerca de 25.000 trabalhadores expostos ao asbesto em vários segmentos da indústria e na mineração.

O setor cimento amianto ou fibrocimento responde por 85% do amianto utilizado em 30 fábricas, o que representa aproximadamente oito mil trabalhadores expostos. De acordo com o site, metade dos telhados no Brasil é de fibrocimento, por estes serem uma alternativa barata e prática.

O amianto é utilizado na produção de:

• Caixas d`água, telhas onduladas e tubulações;

• Produtos de fricção, como lonas de freio e discos de embreagem;

• Produtos têxteis, como luvas especiais, mangueiras e forração de roupas;

• Filtros para líquidos de interesse comercial;

• De papéis e papelões;

• De produtos de vedação para a indústria automotiva.

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