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Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso


Terça-feira, 7 de junho de 2005 17h33


A ASSEMBLéIA LEGISLATIVA VAI APRESENTAR EM CONJUNTO OU SEPARADOS OS PROJETOS QUE CRIAM O BANCO ESTADUAL DE CéLULAS-TRONCO E A DOAçãO DE CORDãO UMBILICAL DE RECéM-NASCIDOS EM HOSPITAIS DA REDE PúBLICA DE MATO GROSSO. A DECISãO FOI OFICIALIZADA PELOS DEPUTADOS DILCEU DAL’BOSCO E HUMBERTO BOSAIPO –AMBOS DO PFL...

AL votará sobre células-tronco e cordão umbilical

Pesquisadora alerta que, em Mato Grosso, pacientes mal-informados abandonam tratamento contando com o que ainda está em estudo

FERNANDO LEAL / SECRETARIA DE IMPRENSA



A Assembléia Legislativa vai apresentar em conjunto ou separadamente os projetos que criam o Banco Estadual de Células-Tronco e a doação de cordão umbilical de recém-nascidos em hospitais da rede pública de Mato Grosso. A decisão foi oficializada pelos deputados Dilceu Dal’Bosco e Humberto Bosaipo –ambos do PFL e autores dos documentos, a partir da audiência pública realizada na manhã desta terça-feira (07), no teatro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que tratou do assunto.

As células-tronco têm capacidade de auto-duplicação e de gerar cópia idêntica de si mesma, com potencial de se diferenciar em vários tecidos. Segundo estudos clínicos, elas já podem gerar músculo, cérebro e tecidos cardíacos. No Brasil, a pesquisa de células-tronco embrionária já foi aprovada pela Lei de Biosegurança. Durante o encontro, a patologista clínica, pediatra e professora da UFMT, Natasha Slhessarenko, observou que semana passada Coréia e Reino Unido – onde os estudos estão mais avançados – realizaram a transferência de núcleos somáticos, parte importante das pesquisas. Em todo o mundo, já foram feitos cerca de quatro mil transplantes utilizando o sangue do cordão umbilical.

Atualmente, as células-tronco são fonte de inúmeras pesquisas e a grande esperança de evolução da Medicina no combate a doenças como a Esclerose; o Diabetes; os Males de Chagas, de Alzheimer e de Parkinson; e doenças neuromusculares, além da recuperação de vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC).

A aprovação recente da Lei de Biosegurança possibilitará o estudo a partir de embriões com mais de três anos de coleta e que serão descartados pelas clínicas de fertilização, desde que com a autorização expressa do casal que os gerou.

Dilceu e Bosaipo concordam que, em Mato Grosso, já passou a hora de ser estendido o debate sobre o tema. “Precisamos ampliar a convocação de todos os setores do poder público e da sociedade organizada para a união de esforços e a conseqüente otimização de recursos financeiros e humanos visando a implantação, em nosso Estado, de um centro de referência para pesquisas desse gênero”, alertou Dal’Bosco.

Em Cuiabá, o Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM) – como um hospital-escola e público – está se adequando para receber um banco de células-tronco. Atualmente, em convênio com a Secretaria Estadual de Saúde, a rede hospitalar está sendo criada em Mato Grosso em parceria com a UFMT. “Sabemos que a alta complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS) sempre foi uma dificuldade muito grande, precisando ser viabilizada sempre na rede da iniciativa privada.

Nessa parceria com o Estado, a universidade Júlio Muller vai ter acesso ao Hospital Central que está sendo construído no CPA e que vai abrigar a alta complexidade médica. E dentro dessa alta complexidade, transplantes e iniciativas do porte da que estamos discutindo nesta ocasião”, disse o diretor-superintendente do Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM), Elias Nogueira Peres. Outro hospital que está sendo “preparado” é o São Tomé. Em parceria com o Governo do Estado, ele será transformado em Hospital de Doenças Tropicais. E está sendo cogitado, também, O Hospital das Clínicas, por sua vez, poderá vir a ser o Hospital da Criança.

“Dentro dessa rede hospitalar, nomeando as média e alta complexidades, é que nos colocamos à inteira disposição para discutir e encaminhar os resultados dessa discussão para que possamos formalizar – de fato – um Banco de Células-Tronco, de cordão umbilical, no serviço público de Mato Grosso”, completou Elias Peres. ALERTA Um sério alerta, durante a audiência pública, partiu da fisioterapeuta e professora da Universidade de Cuiabá (Unic), Viviane Aparecida Martins Mana. Profissional com atuação direta na reabilitação neurológica, ela assegurou que um grande número de pacientes mal-informados está abandonando o tratamento fisioterapêutico por conta de suposições acerca da aprovação das células-tronco.

“Muitos pacientes com problemas neurológicos, independente de ser lesão medular, Mal de Parkinson ou vítimas de derrames – os provocados pelo Acidente Vascular Cerebral (AVC) têm reabilitação tardia muitas vezes prejudicadas por causa da lesão do sistema nervoso. Um quadro mais sério mostra que quando eles tomam conhecimento do trabalho em torno das células-tronco abandonam o tratamento e ficam em casa esperando esses estudos darem certo”, lamentou Viviane Mana.

A principal preocupação da Fisioterapia, segundo ela, é com o afastamento do tratamento por esse tipo de paciente, por dois, três ou mais anos. Durante esse período sem fazer o tratamento preventivo de deformidades, ele vai ter desvio articular e contratura muscular, entre outros danos. E, mesmo que após esses problemas,o tratamento venha a dar certo com as células-tronco as lesões do cérebro podem melhorar mas as deformidades certamente não serão revertidas.

“Com isso, esses pacientes vão apresentar deformidades articulares, encurtamentos musculares ou complicações ósseos-articulares-musculares em função dessa acomodação”, frisou a professora.

ESTRUTURA O sub-secretário de Saúde do Estado, Guto Carvalho, elogiou a iniciativa da audiência pública para discussão com a sociedade e segmentos como as universidades sobre a criação – através do SUS – de um banco de sangue voltado para as células-tronco adultas.

“Com essa medida, estamos dando um grande passo na evolução de uma melhor qualidade de vida para todos nós. O MT-Hemocentro já trabalha com sangue, principalmente doenças degenerativas, e poderíamos – dentro dele – formar uma equipe que iria coletar o material nos hospitais e fazer sua guarda no MT-Laboratório”, disse o sub-secretário.

O vice-reitor da UFMT, Elias Alves de Andrade, disse que os deputados Dilceu Dal’Bosco e Humberto Bosaipo são responsáveis por um “momento importantíssimo para a história das universidades e das pesquisas em Mato Grosso”. Em seu nome e do reitor Paulo Speller, ele registrou durante a audiência pública que a universidade – como centro de Mato Grosso que reúne o maior número de pesquisas em quantidade e qualidade – está sempre aberta a parcerias sólidas como a que tem com o Governo do Estado, especialmente com a Secretaria de Saúde.

Andrade disse que a UFMT é um “campo fértil” para parcerias e discussões sobre o desenvolvimento de pesquisas importantes como o das células-tronco para a saúde da população. “O grupo de profissionais e pesquisadores da UFMT vão dar respostas importantes à iniciativa brilhante e histórica dos deputados Dilceu e Bosaipo, que marcam de forma acentuada os avanços e as perspectivas que teremos para a ciência aqui em Mato Grosso”, garantiu o vice-reitor.

Durante a audiência, Guto Carvalho sugeriu a criação de um grupo de estudos formado por representantes da Assembléia, da UFMT, da Secretaria de Saúde, da Unic, da Univag e da Associação Medica do Estado de Mato Grosso para avançar nesse campo.

Os projetos de lei sobre o Banco de Células-Tronco e a doação de cordão umbilical já tinham sido apresentados no ano passado. Na ocasião, eles continham “vícios de inconstitucionalidade” porque até então ainda não havia sido aprovada a Lei da Biosegurança, no Congresso Nacional. Agora, após a audiência pública e com todos os aspectos favoráveis demonstrados no encontro, os parlamentares reapresentarão os projetos. “Sem dúvida, devido ao alto alcance desses projetos, a Assembléia os aprovará em breve”, concluiu Dal’Bosco. O governo já colocou à disposição o MT-Hemocentro, o MT-Laboratório e o Hospital Central.

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