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Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso


Segunda-feira, 24 de outubro de 2005 15h11


O PRESIDENTE DA ASSEMBLéIA LEGISLATIVA DE MATO GROSSO, DEPUTADO SILVAL BARBOSA (PMDB) DISSE QUE A VITóRIA DO “NãO” NO REFERENDO SOBRE A PROIBIçãO DA VENDA DE ARMAS E MUNIçõES NO BRASIL SERVE DE ALERTA à CONSOLIDAçãO DE UMA POLíTICA PúBLICA PARA A O SISTEMA DE SEGURANçA DO PAíS. AS DECLARAçõES DO DEPUTADO OCORRERAM, HOJE (24), PELA MANHã, APóS DESPACHAR COM LIDERANçAS PARTIDáRIAS EM SEU GABINETE...

Deputados defendem política de segurança pública

Parlamentares estaduais comentam resultado do Referendo e pedem mais ação do governo na segurança pública

SID CARNEIRO / SECRETARIA DE IMPRENSA



O presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, deputado Silval Barbosa (PMDB) disse que a vitória do “não” no referendo sobre a proibição da venda de armas e munições no Brasil serve de alerta à consolidação de uma política pública para a o sistema de segurança do país. As declarações do deputado ocorreram, hoje (24), pela manhã, após despachar com lideranças partidárias em seu gabinete.

“O não serve de reflexão sobre a necessidade de investimentos a serem feitos no setor da segurança, atendendo este grande anseio da população. Ainda falta uma política que dê garantia de segurança e liberdade para todos”, disse o parlamentar.

Na avaliação de Silval Barbosa, a votação maciça para o “Não” significa que a população optou por manter seus direitos, neste caso, o direito à própria segurança. “Vejo que as pessoas não quiseram abrir mão de um direito adquirido por lei. Agora, cabe ao Estado cumprir com sua parte, investindo mais, coibindo o crime e assegurando segurança à população”, analisou Silval.

O objetivo da consulta sobre a proibição do comércio de armas de fogo e munição no Brasil era validar ou rejeitar uma das medidas previstas no Estatuto do Desarmamento (Lei 10826/03), já aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente da República.

O referendo sobre o comércio de armas estava previsto no Estatuto, que cria o Sistema Nacional de Armas estabelecendo regras para a aquisição, registro e porte e tipifica os crimes relacionados ao porte e ao comércio ilegais de armas.

Independente do “sim” ou do “não” o deputado Dilceu Dal’ Bosco (PFL) afirmou que venceu a democracia. Porém, Dilceu que sempre defendeu o “Não” criticou o governo federal pela omissão de investimentos na segurança pública e pela prioridade à campanha milionária do Estatuto do Desarmamento que teria sido iniciada caso houvesse a aprovação do “Sim” em eleição nacional, no último domingo.

“Mais uma vez, o governo transferiu suas responsabilidades para a população. Ele gastou recursos em um plebiscito, mas não prioriza programas de combate à violência”, disse. Para Dilceu, o resultado do referendo significa a “incompetência” do governo e dos Estados que não priorizam os recursos para o setor.

Sérgio Ricardo (PPS) disse que o governo federal optou pelo “Sim” por entender que seria a maneira mais fácil de desarmar a população. “A vitória do Não mostra que o governo está atuando na contra-mão. E por outro lado, a população soube exercer sua cidadania pelos seus direitos”, afirmou Sérgio.

Controle mais rígido
Apesar da vitória do Não no Referendo, estão mantidas as regras determinadas pelo Estatuto do Desarmamento para a compra e licenciamento de armas. O cidadão que deseja portar armas em casa ou no local de trabalho deve ter mais de 25 anos, declarar necessidade, ter residência fixa, provar ocupação lícita, capacidade técnica e aptidão psicológica --por meio de um teste psicotécnico--, além de apresentar uma certidão de antecedentes criminais fornecida pelas Justiças Federal, Estadual, Militar e Eleitoral.

Somente a Polícia Federal, por meio do Sinarm (Sistema Nacional de Armas), está autorizada a conceder o registro, que deve ser renovado a cada três anos; e o porte de armas.

Portar armas ilegalmente é crime inafiançável. São exceções policiais, guardas municipais, integrantes das Forças Armadas, funcionários de empresas de segurança e transporte de valores, desportistas de tiro e pessoas que comprovarem sua necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física, além de caçadores.

Todos os cidadãos que têm porte de armas são proibidos de conduzi-las ostensivamente em lugares públicos. Se forem flagrados embriagados ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas, eles perdem a autorização automaticamente.

Somente caçadores de subsistência podem ter uma arma portátil, de uso permitido e tiro simples, com um ou dois canos e calibre igual ou inferior a 16.

Histórico
Dados da Organização das Nações Unidas mostram as experiências de países que já tentaram proibir a comercialização de armas. De acordo com a ONU, não há relação direta entre a proibição de armas e as taxas de homicídios.

Nos E.U.A, a venda de armas é livre. Lá, a maioria dos estados exige-se que o comprador tenha ficha limpa na polícia. As residências com arma de fogo é de 41% e os homicídios 9 por grupo de 100 mil habitantes. Na Suíça, não há restrições. Todos os reservistas guardam armas recebidas do Exército em casa. As residências com armas de fogo são de 35% e os homicídios por grupo de 100 mil habitantes 1%.

No Canadá, onde as vendas de armas são restritas, as automáticas e semi-automáticas são proibidas. O comprador precisa fazer treinamento e apresentar um documento provando que o cônjuge concorda e as residências com armas de fogo são de 26%. Já os homicídios, 2%, por grupo de 100 mil habitantes.

Na Austrália, outro país que permite a venda de armas, desde 1996, elas estão proibidas no caso de semi-automática. O porte de armas foi restringido. Mas nem assim, o índice de crime teve queda. As residências com armas de fogo são de 16% e os homicídios por grupo de 100 mil habitantes é de 2,4%.

Na Inglaterra, a venda de armas é proibida. A posse e a venda de armas com calibre superior a 22 foi proibida desde 1997. Desde então, o número de homicídio aumentou 25% e de roubos, 20%. As residências têm 4% de armas de fogo e os homicídios por grupo de 100 mil, 1,4%.

Na Jamaica, onde também é proibido comprar armas, desde 1974, o índice de criminalidade continuou sendo um dos mais altos do mundo. As residências guardam 0,02% das armas e os homicídios, 31% para um grupo de 100 mil habitantes.

O Japão proibiu a venda de armas de fogo e munição com exceção daquelas usadas para a prática de esportes. As residências têm 0,6% de armas e os homicídios são de 0,6% para um grupo de 100 mil habitantes.

No Brasil, o porte de armas e a venda delas são restritas a certas categorias de profissionais. E nas residências a presença de armas é de 3,5%. Os homicídios são de 29% para um grupo de 100 mil habitantes.

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