A audiência pública requerida pelo deputado estadual Humberto Bosaipo (PFL) unificou todos os setores da agropecuária estadual, incluindo pecuaristas e representantes de frigoríficos na proposta de discutir a crise no setor, os avanços e as perspectivas para o ano.

Para a categoria, ficou a certeza de que o Poder Legislativo de Mato Grosso vai intervir junto ao Governo do Estado e Brasília na busca pela renegociação das dívidas de agricultores que amargam um aumento de 29% dos custos para produção, prejuízo na ordem de um bilhão de reais, ocasionado pela seca que atingiu o Sul do País e teve reflexo no sul de Mato Grosso, nas duas últimas safras. “Uma segunda audiência, na Agrishow, deve voltar a discutir o assunto.

A Assembléia vai mobilizar sua base para intervir junto ao Governo do Estado em prol dos agropecuaristas”, disse Bosaipo.

O senador Jonas Pinheiro, (PFL) membro da Comissão de Agricultura do Senado, contactou o Ministro da Agricultura que se comprometeu a reavaliar a situação dos plantadores de soja no Estado. “É importante que tenhamos este contato porque o setor esta sendo penalizado”.

O senador destacou que os insumos utilizados nas lavouras são os maiores responsáveis pelo aumento no valor da produção. A baixa do dólar prejudicou as exportações, e aumentou o valor do produto que é importado dos EUA.

Em relação a pecuária, dados da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) revelam que há uma perda real de cerca de 30% na arroba do boi, se relacionado o custo-produção do gado com a venda final do produto. Levando em consideração que Mato Grosso hoje, possui o maior rebanho do País- cerca de 26 milhões de cabeças de gado, a porcentagem aponta um prejuízo altíssimo para o setor.

A região de Cáceres (250 km de Cuiabá) concentra a maior parte do rebanho mato-grossense e o município lidera o ranking com mais de 1 milhão de cabeças. Os produtores da região estão preocupados com a forma de classificação de seus produtos e com a grande diferença de preços em comparação a outros Estados, como Mato Grosso do Sul e São Paulo, por exemplo. A diferença chega a 20% em conseqüência dos cinco frigoríficos que atuam na região.

Outro assunto bastante polêmico trata da possível cartelização dos frigoríficos, que estão sob investigação a pedido dos próprios pecuaristas. Segundo a categoria, há uma desconfiança de que o peso registrado pelos frigoríficos não corresponda a realidade do gado abatido em Mato Grosso.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (FAMATO), Homero Pereira destacou o desenvolvimento de uma política agropecuária no Estado para que haja uma agregação de valores ao produto. Isso significa maior investimento das entidades estaduais. “É preciso estimular uma agregação de valores na pecuária”, disse Alves.

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