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Segunda-feira, 9 de fevereiro de 2004 17h15


O PROBLEMA DA FERRUGEM ASIáTICA NA LAVOURA DE SOJA EM MATO GROSSO PREOCUPA O 2º VICE- PRESIDENTE DA ASSEMBLéIA LEGISLATIVA E SOJICULTOR, DEPUTADO MAURO SAVI (PPS). “COMO AGRICULTOR ESTOU ASSUSTADO, PORQUE NãO SE SABE A ORIGEM DA DOENçA, COM TOTAL TENDêNCIA DA MESMA SER CRIADA EM LABORATóRIO”, ALERTOU O PARLAMENTAR QUE DEVE TOMAR PROVIDêNCIAS NO ESTADO...

Ferrugem asiática preocupa agricultores

Estados Unidos pretendem barrar importação do produto brasileiro e de seus derivados no país

JOSÉ LUÍS LARANJA / SECRETARIA DE IMPRE



O problema da ferrugem asiática na lavoura de soja em Mato Grosso preocupa o 2º vice- presidente da Assembléia Legislativa e sojicultor, deputado Mauro Savi (PPS).

“Como agricultor estou assustado, porque não se sabe a origem da doença, com total tendência da mesma ser criada em laboratório”, alertou o parlamentar.

Com o objetivo de evitar a ferrugem da soja nos Estados Unidos, o país pode barrar a importação de soja brasileira. Tramita no Congresso norte-americano um projeto de lei proibindo os americanos de comprar soja e derivados do Brasil e da Argentina.

De acordo com o autor do projeto, deputado Tom Latham (Republicano), a proibição visa a necessidade urgente de proteção contra a propagação da ferrugem asiática, praga que está se disseminando na América do Sul e que reduz a produtividade e aumenta custos.

Savi citou como exemplo, a utilização de fungicida que controla a proliferação da doença na lavoura. No entanto, o espanto maior é com a rapidez que esses produtos foram colocados no mercado.

“Causa uma certa estranheza o projeto do parlamentar americano. Talvez defendendo a hegemonia norte-americana de soja e ainda, vendo um aumento constante do produto brasileiro com tecnologia de ponta, somado em menos de 10 anos de uma produtividade de 35 sacos/hectares para a mesma área com a média de 55 a 60 sacas/hectares. É claro que o Brasil está incomodando”, rebateu Mauro Savi.

Diante das colocações do parlamentar norte-americano, a Secretaria de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso (Seder), através do secretário Homero Florisbelo justifica que do ponto de vista comercial para os Estados Unidos não vale nada, porque o Brasil não exporta soja para os americanos. “Pode ser uma jogada política”, frisou Florisbelo.

Para o secretário da Seder, esta é uma medida que poderá afetar diretamente a comercialização para outros países. “A soja brasileira é uma das melhores do mundo e no futuro, podemos sofrer um impacto financeiro”, aponta Florisbelo, citando como exemplo, que é mais uma barreira sanitária dos americanos que “desejam impor no nosso produto que é o mais competitivo no mercado internacional”.

De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a ocorrência da praga preocupa porque surgiu mais cedo, este ano, tanto no Paraná quanto no Mato Grosso, em São Paulo e em Goiás.

“Estamos orientando todos os produtores para que façam o monitoramento constante da sua lavoura, pois somente a identificação precoce da ferrugem permite o controle adequado da doença”, alerta a pesquisadora e chefe-geral da Embrapa Soja, Vânia Castiglioni.

Segundo a pesquisadora, os sintomas da doença aparecem em qualquer fase do desenvolvimento da planta e, para observá-los, o produtor deve coletar as folhas da parte inferior da planta e colocá-las contra um fundo claro. A folha infectada tem minúsculas lesões em formato de pequenos pontos escuros e salientes que aparecem na face inferior da folha.

Pelo cronograma da Embrapa Soja, o controle químico ainda é o principal método de controle da ferrugem e a aplicação de fungicidas registrados deve ser feita tão logo seja identificada a doença. Por isso, é recomendado o monitoramento constante das lavouras.

Avanço

Para o superintendente da Fundação de Pesquisa de Mato Grosso, Dario Hiromoto, Primavera do Leste é o município que mais preocupa e Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, sorriso e Sinop fugiram do controle de combate.

“O pessoal que cuidou vai colher normalmente, porém, há os agricultores que não tiveram os cuidados adequados e terão prejuízos”, admitiu Hiromoto.

Entretanto, o superintendente da Fundação ressalva que a maior parte dos casos no Estado está sob controle.

“Estamos intensificando o combate através de seminários e Dia de Campo para prevenir contra a doença”, alertou Hiromoto. Conforme planejamento realizado no Estado, a Fundação vem desenvolvendo dois tipos de programas gigantes para os agricultores: 1) desenvolver variedades resistentes de ferrugem e; 2) fazer estudo de manejos com usos de fungicidas e o modo de aplicação.

Segundo dados da própria Fundação Mato Grosso, os municípios de Sorriso, Campo Novo dos Parecis, Campos de Julio, Sapezal, Primavera do Leste, Alto Araguaia, Alto Taquari e Serra da Petrovina em Mato Grosso, e Goiânia, em Goiás, são os primeiros focos de ferrugem asiática da safra 2003/04. Ao contrário do ocorrido na safra passada, os primeiros sintomas apareceram mais cedo, em alguns casos, a doença atingiu plantas ainda no estádio vegetativo, cerca de 25 dias após a germinação.

Na safra passada, os primeiros sintomas foram observados somente a partir de janeiro, quando as lavouras estavam em fase inicial de floração, com cerca de 55 a 60 dias.

Como produtor e parlamentar, Savi, entende que os agricultores precisam ter a confirmação e convicção de que o governo brasileiro tomará uma atitude diplomática para que outros países não cortem o direito da produção e o fornecimento de todos os mercados.

“Não temos ainda o conhecimento da maneira com que o fungo se prolifera, no caso, a preocupação dos americanos é pelo produto já pronto”, explicou o deputado mato-grossense.

A doença

O fungo (Phakopsora pachyrhizi) só sobrevive de uma safra para outra em hospedeiros vivos e infecta 95 espécies de plantas em mais de 42 gêneros.

No caso brasileiro, o principal hospedeiro no inverno tem sido a própria soja, através de plantas voluntárias (aquelas que germinam a partir de grãos perdidos na colheita) e da soja irrigada para produção de semente. O aumento das áreas de produção de semente no inverno na região Central do Brasil, foi o principal responsável pelo surgimento precoce da ferrugem nesta safra.

A ocorrência da ferrugem está diretamente associada às condições climáticas. Temperaturas médias menores que 28º C e molhamento foliar de mais de 10 horas favorecem a infecção da planta.

É por isso que nas regiões mais quentes é mais difícil aparecer a doença, ou quando aparece, não desenvolve de forma explosiva. As regiões com altitude superior a 700 metros são mais favoráveis à ocorrência da doença devido as temperaturas noturnas mais amenas associadas a um maior número de horas de orvalho. Regiões mais baixas, porém com chuvas bem distribuídas, também são favoráveis para um desenvolvimento mais rápido da doença.

A única forma de controle é a aplicação de fungicida, mas é preciso saber reconhecer o momento certo de aplicar. Estudos da Embrapa Soja mostram que os fungicidas protegem, em média, por cerca de 25 dias.

Se aplicar no momento errado, o agricultor pode ter que fazer várias aplicações, o que aumenta sensivelmente os custos de produção. Por outro lado, se o produtor não estiver monitorando a lavoura, só vai perceber os sintomas quando for tarde demais, comprometendo assim a eficiência dos produtos.

A Embrapa alerta aos agricultores que a ferrugem asiática é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, causa desfolha precoce da soja e redução de peso do grão. A doença é disseminada pelo vento e não pela semente. Nos casos mais severos, há relatos de perdas de cerca de 70% da produção.

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