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Quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004 15h04


MUNIDO DE DOCUMENTOS DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), O DEPUTADO GILMAR FABRIS (PFL) REBATEU HOJE (11) AS DENúNCIAS DO PROCURADOR JOãO GILBERTO GONçALVES FILHO, QUE O ACUSOU DE OCULTAR UMA URNA ELEITORAL EM SUA FAZENDA. O PARLAMENTAR CRITICOU A ATITUDE DO PROCURADOR E SUGERIU QUE O REPRESENTANTE DO MINISTéRIO PúBLICO “TIVESSE A GRANDEZA DE REVER O EQUíVOCO COMETIDO”.

"Houve precipitação", diz Fabris

De posse de documentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o deputado Gilmar Fabris (PFL) rebateu hoje (11) as denúncias do procurador João Gilberto Gonçalves Filho, que o acusou de ocultar uma urna eleitoral em sua fazenda.

CECÍLIA GONÇALVES / SECRETARIA DE IMPRE



Munido de documentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o deputado Gilmar Fabris (PFL) rebateu hoje (11) as denúncias do procurador João Gilberto Gonçalves Filho, que o acusou de ocultar uma urna eleitoral em sua fazenda. O parlamentar criticou a atitude do procurador e sugeriu que o representante do Ministério Público “tivesse a grandeza de rever o equívoco cometido”.

“Eu acho que isso também é ser grande. Ele deveria ter ido até o TRE para tomar conhecimento de tudo. Agora, dizer que essa urna foi ocultada, isso é um absurdo”, disse Gilmar.

Confira os principais trechos da entrevista coletiva que Fabris concedeu hoje pela manhã na Assembléia Legislativa.

Imprensa -Como o senhor explica o caso da urna?

Fabris - A urna me foi dada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, após um processo de recontagem de votos que durou mais de um ano. Após as eleições de 1990, entrei com um pedido de recontagem de votos e ganhei no Tribunal Superior Eleitoral. Acontece que eu tive votos em 249 urnas e apenas em uma não tive nenhum. Nessa urna, apareciam 31 votos para o candidato Jorge Yainai, de Sinop. Então eu desconfiei de que os votos poderiam ser meus, pois nossos números eram bem semelhantes: o meu era 22105 e o dele 25105. Após a decisão do TSE, houve uma diligência a Rondonópolis e o juiz eleitoral de lá enviou a urna para o TRE-MT. Então houve uma sessão no Tribunal, presidida pelo desembargador Carlos Avalone, onde a urna foi reaberta e os votos recontados. Resultado: ganhei os 31 votos. Com isso, virei 1º suplente e assumi a vaga do Branco de Barros, que foi para o Tribunal de Contas. Ao final dessa sessão, o pessoal do tribunal disse que iria incinerar a urna. Então eu a pedi como recordação e fui atendido.

Imprensa - Houve precipitação do Ministério Público?

Fabris- Houve precipitação desse procurador. Eu não diria do MP. Ele deveria ter ido ao TRE para saber a verdade dessa urna, antes mesmo de fazer a representação que ora ele fez dizendo que somente eu e Deus poderíamos explicar sobre a urna. Isso não é verdade. Eu, o Tribunal Superior Eleitoral, o Tribunal Regional Eleitoral, vários desembargadores e muita gente pode explicar o caso dessa urna.

Imprensa - Quem presidiu essa sessão que o senhor acabou levando a urna para casa?

Fabris - Eu não me recordo, mas parece-me que foi o desembargador Carlos Avalone.

Imprensa - Ele autorizou o senhor levar a urna?

Fabris - Não, ninguém especificamente autorizou levar a urna. Ocorre que a eleição tinha acabado em 90. As urnas tinham sido todas incineradas e já era 1991, quando correu esse fato, oito meses depois. Verificado e acabado todo o processo eleitoral definitivamente sobrou essa urna. Terminada ali dentro do tribunal eleitoral, a urna seria incinerada. Eu pedi a grosso modo, que eu queria guardar essa urna que tanto me fez sofrer, porque eu fiquei com três votos e ali estavam meus 29 votos. E alguém me disse: “sem problema nenhum deputado. Isso aqui é um presente. Pode levar”. E levei a urna que ficava exposta na minha casa, na fazenda onde eu moro.

Imprensa - A posição do TRE é que incineração não é procedimento. E até agora não deram informação com relação a essa urna. O senhor acha que falta explicação do TRE?

Fabris - Não é falta de explicação. Até porque, veja só. Foi em 1990, hoje nós estamos em 2004, se passaram 14 anos, evidente que ninguém ali vai saber como essa urna estava na minha mão. Pega a procedência da urna e vê por qual motivo eu guardaria esta urna na minha casa, depois de um ano. Todo mundo vai ver que não cometi nenhum tipo de crime. E qual a razão que eu teria para guardar exatamente os votos que deixaram de me trazer para a Assembléia. E faço outra pergunta. Uma urna que tem 270 votos e lá dentro tem 29 meus. Somente 29?

Imprensa - O senhor é favorável à Lei da Mordaça?

Fabris - Não. Mas acho que determinados procuradores precisam ter mais responsabilidade antes de jogar lama na reputação das pessoas. Eu fiquei exposto a todo Mato Grosso como um fraudador de urna, um fraudador de eleição, um ocultador de urna. Vou ocultar os meus votos? Só se eu fosse um delinqüente. Então é por isso, que às vezes ainda falam na mordaça. Sou contra a mordaça.Quero dizer a vocês da imprensa que não têm culpa de nada, quando alguém dá uma notícia e vocês têm que rapidamente publicar. É isso ai mesmo. Agora tem que culpar quem irresponsavelmente critica ou pré-julga, como acaba de fazer este procurador.

Imprensa - E com relação às denúncias de envolvimento com o crime organizado. Como o senhor ver isso?

Fabris - Houve uma denúncia na Polícia Federal, no ano passado, de que na minha fazenda havia um tráfico internacional de armas de grosso calibre. A Polícia Federal esteve lá e fiscalizou toda a fazenda e não encontrou nada, até porque eu detesto armas. Não mexo com armas, nem de grosso nem fino calibre. A polícia tinha mandado para levar qualquer coisa estranha e levaram a urna, por que seria uma coisa estranha. E dentro do trabalho deles, encaminharam ao Mistério Público, onde nasceu a denúncia.

Imprensa - Com relação às bebidas encontradas na sua fazenda?

Fabris - Quando se diz bebidas, parece que acharam grande coisa. Achara quatro garrafas de whisky no meu barzinho que dizem que não teria selo. Eu nem vi essas garrafas, até porque, graças a Deus não tenho o costume de beber na minha residência. Tenho lá para atender algum amigo ou coisa parecida. Agora, pergunto aos senhores - se vocês forem na banca do Paraguai, você compra a quantidade de whisky que você quiser. Até por que qualquer cidadão brasileiro tem o direito de ir ao Paraguai e trazer cinco garrafas de whisky dentro de sua cota. Provavelmente, quem me presenteou aqueles whiskys deve ter comprado no Paraguai. Só isso.

Imprensa - A quem interessa essas denúncias contra o senhor?

Fabris - Eu acho que não interessa a ninguém. Houve a denúncia, a Polícia Federal dentro do seu trabalho fez o correto. Dentro do seu trabalho encaminhou corretamente a quem devia. Só houve uma precipitação, no meu entender, do procurador de não tomar conhecimento dos fatos no TRE sobre essa urna.

Imprensa - O senhor pretende tomar alguma medida contra o procurador?

Fabris - Só quero que ele tenha a grandeza de esclarecer sobre seu equívoco. Eu acho que ele tem a obrigação de ir até o TRE e tomar conhecimento de tudo. Agora, dizer que essa urna foi ocultada. Se alguém do tribunal deu a urna para mim e ora não podia dar, ou se alguém autorizou, porque eu também não sei se é proibido depois que acaba uma eleição como aquela, não sei. Seria grandeza desse procurador fazer uma auto-crítica e admitir que houve um abuso.

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