Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

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Sexta-feira, 7 de novembro de 2003 11h15


NADA COMO UM DIA APóS O OUTRO... E UMA NOITE NO MEIO. ANTEONTEM à NOITE, LOGO APóS A CONFIRMAçãO DE QUE O GOVERNO LUIZ INáCIO LULA DA SILVA VAI MESMO CONTRAIR UM EMPRéSTIMO DE US$ 14 BILHõES JUNTO AO FMI, COM META DE SUPERáVIT PRIMáRIO PARA 2004 DE 4,25%, DEDIQUEI-ME A UMA DESSAS ATIVIDADES SOMENTE POSSíVEIS ATRAVéS DO MILAGRE DA TECNOLOGIA...

O PT e o “Grande Satã”

JOSÉ RIVA / PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LE



José Riva*

Nada como um dia após o outro... E uma noite no meio. Anteontem à noite, logo após a confirmação de que o governo Luiz Inácio Lula da Silva vai mesmo contrair um empréstimo de US$ 14 bilhões junto ao FMI, com meta de superávit primário para 2004 de 4,25%, dediquei-me a uma dessas atividades somente possíveis através do milagre da tecnologia.

Pela Internet garimpei, via “google”, em quais circunstâncias Lula havia praguejado contra acordos anteriores firmados com Fundo, classificado até então como uma espécie de “Grande Satã” do mundo. Choveram páginas e mais páginas em minha tela.

Só para ilustrar, relaciono a seguir algumas das frases mais “lights” do nosso presidente: 1) “Todas as políticas que o FMI tem para os países emergentes são de ajustes fiscais, que têm levado os países a quebrar” (abril de 1998). 2) “O FMI não existe para ajudar o país ou ajudar o povo. Existe para ajudar os credores e impor ajustes fiscais” (junho de 1999). 3) “Para meus opositores, moderno é ser capacho do FMI” (agosto de 2000).

Fiz questão de pesquisar, também, a opinião do hoje Ministro do Planejamento, o economista Guido Mantega. Eis suas sábias palavras, proferidas em 1988: "O superávit primário de 2,6% do PIB é uma meta muito dura, duríssima. Nós podemos pagar como preço desse acordo uma recessão dura na economia".

Não tenho nada contra o PT. Até porque ser contra o PT neste momento significaria ser contra o próprio Brasil. Mas tenho muito contra o oportunismo demagógico, contra a desfaçatez ignóbil daqueles que mudam de opinião com a mesma simplicidade com que mudam de camisa.

As frases selecionadas acima, ditas invariavelmente num tom colérico e histriônico, revelam a nova face do PT, um partido de ultradireita, neoliberal e adepto do pragmatismo capitalista.

Particularmente, sou contra o novo empréstimo. E explico o porquê: geralmente os países recorrem ao Fundo quando estão com graves problemas financeiros e de credibilidade. E acho que estamos superando bem ambas as fases. Prova disso é que as exportações brasileiras atingiram expressivos US$ 60,3 bilhões entre janeiro e outubro - um aumento de 20,7% em relação ao mesmo período de 2002.

Não creio, porém, que o novo acordo seja de todo o mau. Apenas deixaremos escapar uma ótima oportunidade para declararmos nossa independência em relação ao FMI. Segundo os preceitos econômicos, se o Brasil mantivesse seus compromissos ortodoxos e não renovasse com o Fundo, certamente ganharia uma fatia ainda maior de confiança do mercado interno e externo.

Agora, o bom mesmo deste novo acordo com o “Grande Satã”, quer dizer, com o FMI, é ver o PT - que em 1998 ingressou com uma ação na Justiça para tentar impedir que o governo FHC fechasse um acordo com o Fundo - cair em contradição, rasgar sua cartilha repleta de utopias esquerdistas e entender que política não se faz com bravatas.

*José Riva, deputado pelo PTB, é presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso.

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