Ainda no período de comemorações do Dia Nacional do Motociclista – ocorrido no último 27 de julho, o deputado Walter Rabello (PMDB) pediu ao governador Blairo Maggi e ao presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes, a realização – no estado – de uma campanha de trânsito dirigida à categoria. O parlamentar disse que o comportamento de motociclistas deve ser tema constante de trabalhos similares ao que está propondo, ao alertar para o aumento do número de motos que trafegam em Mato Grosso e, paralelamente, o volume de acidentes envolvendo esse grupo de veículo e de condutores.

“Não é raro o dia em que nos deparamos com vários acidentes de trânsito envolvendo motocicletas nas ruas, principalmente da capital”, observou Rabello. Em boa parte das vezes, para ele – as motocicletas não estão equipadas com os referidos equipamentos e muitos motociclistas não respeitam as faixas destinadas ao tráfego dos veículos. “Os mais incautos ainda fazem manobras e ultrapassagens que colocam em risco não só a sua própria vida como a dos demais motoristas e pedestres que fazem uso das vias públicas”, lamentou, observando que diariamente acontecem acidentes fatais envolvendo motociclistas, na maioria das vezes por abuso ou imprudência.

Segundo o Departamento Nacional de Trânsito, atualmente existem no país mais de 13 milhões de pessoas habilitadas na Categoria A – necessária para a condução de motos. Com o crescimento dessa categoria – ainda de acordo com o Denatran, todos os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito têm desenvolvido ações que promovem a segurança desses condutores. No último ano, por exemplo, os motociclistas foram tema da Semana Nacional de Trânsito, que teve como slogan “Você e a moto: uma união feliz”.

“Esses trabalhos são importantes, mas é imprescindível que eles se disseminem por todos os rincões do país. É por isso que fiz a solicitação ao governo”, disse Rabello. Em âmbito nacional, entidades organizadas como a Organização Não Governamental Rodas da Paz cobram permanentemente do governo federal mais investimentos em campanhas educativas. A ONG foi criada em 2003, após a morte do atleta Luiz Henrique de Barros Meirelles, o Lula, em 9 de fevereiro daquele ano. Ele foi atropelado no acostamento da QI 26 do Lago Sul, em Brasília, enquanto treinava para uma competição.

Walter Rabello também chamou a atenção para números divulgados pelo Renaest (Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito) – subordinado ao Denatran/Contran. Eles mostram que, em Mato Grosso, o número de motos aumentou quase 5% em relação ao total dos demais veículos – entre março de 2006 (total de 687.540 outros veículos e 188.572 motos) e março de 2007 (total de 745.810 ou + 8,5% outros veículos e 212.639 ou + 12,8% motos).

“Estatísticas e números são importantes, mas neste caso podemos constatar o aumento flagrante de motociclistas e a nossa malha viária é insuficiente para atender a demanda, principalmente nas regiões centrais da capital. Isso gera impaciência em muitos pilotos, que realizam manobras arriscadas para ganhar tempo no trânsito e provocam drásticas conseqüências para suas próprias vidas”, concluiu o peemedebista.

Outro exemplo de campanha educativa aconteceu no dia 26 de junho passado, quando a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) e a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) lançaram em conjunto uma campanha de “vacinação” contra acidentes de trânsito. As duas entidades se uniram com o objetivo de reduzir acidentes de trânsito por meio da informação e da educação criando o projeto “Vacina Ação”.

A iniciativa – até então inédita no Brasil – foi apoiada em três pilares: a via, o homem e o veículo (que inclui as motos). Os públicos-alvos dessa campanha foram entidades e empresas ligadas ao trânsito, e – principalmente – motoristas e pilotos de motos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os acidentes de trânsito matam quase 1,2 milhão de pessoas em todo o mundo a cada ano, sendo a segunda causa de morte entre as pessoas de 5 a 25 anos e entre motociclistas – neste caso, só perdendo para os demais veículos se considerado o volume de vítimas por acidente.

Estima-se que, no Brasil, existam cerca de sete mil novos casos de lesão medular por ano. Essa estatística preocupa a AACD e a Abramet porque o número de pessoas tetraplégicas ou paraplégicas por lesão de medula espinhal – atendidas pela primeira entidade – é muito grande. Uma parcela significativa desses atendimentos se refere a vítimas de acidentes de trânsito – boa parte envolvendo motocicletas.

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