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Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso


Quarta-feira, 19 de setembro de 2001 00h00


RIVA DEIXA O PSDB

Riva deixa o PSDB

FLÁVIO GARCIA / Secretaria de Comunicação Social



"Minha decisão é política e pessoal; não tenho mágoas de ninguém"
Deputado Riva inicia conversações com outros partidos e diz que objetivo é viabilizar seu projeto ao Senado. "Estava sufocado no PSDB".

"Quero que essa minha decisão seja transparente desde o início, pois não se trata de uma retaliação ao governo ou ao PSDB, mas sim um redirecionamento de meu projeto político". Foi assim que o deputado José Riva (PSDB), primeiro-secretário da Assembléia Legislativa, anunciou ontem em entrevista coletiva sua disposição em deixar o ninho tucano.

Riva afirmou que dentro do PSDB seu projeto político ao Senado está sendo "sufocado". "Não senti por parte do governador, por exemplo, nenhum interesse na minha candidatura. Portanto não faz sentido insistir em algo que não tenha respaldo da cúpula do governo ou do PSDB. Sendo assim, só me resta viabilizar esse projeto em outra agremiação", disse.

O parlamentar admitiu que já iniciou o diálogo com lideranças do PSB e de outros partidos (ontem mesmo Riva foi convidado pelo deputado Amador Tut a ingressar no PL). "Mas nada ainda está definido", disse.

Segundo Riva, a decisão final de deixar o PSDB só será tomada após uma consulta "profunda e detalhada" às suas bases. "Não vou tomar uma decisão precipitada. Preciso ouvir os prefeitos, os vereadores e as lideranças que me acompanham e confiam em meu projeto político. Por isso essa decisão não minha. É da minha base política. Só depois disso terei certeza se deixo ou não o PSDB", disse Riva. Ao ser questionado para qual partido se filiaria, Riva foi enfático ao dizer que poderá se filar ao PSB. "Foi o primeiro partido com o qual comecei a dialogar, até pela disposição que o PSB tem de apoiar o projeto do senador Antero Paes de Barros ao governo", disse.

Riva informou ainda que não tratou de sua saída com o governador Dante de Oliveira (PSDB). "Foi um encaminhamento pessoal. Não preciso falar com o governador para me decidir. Até porque isso poderia ser interpretado como uma negociata; como uma pressão que estou fazendo para obter vantagens políticas. Mas não é nada disso. Trata-se de um novo projeto dentro de uma nova força política", disse.

Sem mágoas

Muitos fatores, segundo Riva, foram decisivos para que ele admitisse essa possibilidade de deixar o PSDB. "Entre eles está o entendimento pessoal. Pois sinceramente não havia mais clima para tanta indefinição e ameaças constantes de eu não obter uma vaga para disputar o Senado. Na verdade eu estava me sentindo sufocado".

Riva garantiu não ter "mágoa política ou pessoal" em relação ao governador Dante de Oliveira. "Ele ajudou muito a Assembléia Legislativa e o Estado de Mato Grosso. Na verdade estou reavaliando meu projeto político. Entretanto, acredito que ele seja mais viável dentro de um outro partido. Não tenho nenhum descontentamento de ordem pessoal com o governador Dante. Aliás eu poderia até reclamar de vários encaminhamentos políticos que o governo não cumpriu com minhas bases, como a promessa do Dante de asfaltar a estrada que liga Juruena a Castanheira, que em 15 dias não terá mais nenhuma condição de trafegabilidade. Mas, mesmo assim, não tenho nenhuma reclamação a fazer. É um posicionamento meramente político e pessoal".

Riva disse ainda que irá se reunir na próxima sexta-feira com os deputados do PSDB para discutir a questão. "Quero ouvir todos os lados possíveis antes de me posicionar".

Apoio a Antero

Independente de sua saída do PSDB, Riva destacou que seu apoio à candidatura de Antero ao governo já está praticamente definido. "Estou discutindo preferencialmente com partidos que tenham condições de se coligarem e se aliarem ao senador Antero".

Riva disse também que existe atualmente um "grau de descontentamento" muito grande com os nossos companheiros que estão no PSDB. "Só para se ter idéia, até agora foram contatados 19 prefeitos municipais, sendo 11 do PSDB. Dentre estes, 17 já avalizaram minha saída do partido", afirmou.

Greve dos Professores

De acordo com Riva, o episódio da greve dos professores também contribuiu para a sua decisão de possivelmente sair do partido. "Não admito que o radicalismo faça parte da vida de políticos que lidam com interesses da população. E a verdade é uma só: os nossos professores são mal pagos. Fizemos apenas a reposição da perda que os profissionais tiveram desde 98. Aliás, essa recomposição deveria ter sido feita em 99, 2000 e 2001".

Riva disse que no episódio da greve dos professores nada mais fez do que defender a categoria, que ganha um mísero salário e continua ganhando muito pouco, mesmo com a reposição salarial. Agora, será que pelo fato de eu ser um deputado da bancada governista eu não posso questionar essa triste realidade? Será que eu não tenho direito de discordar da proposta do governo?", questionou.

O deputado disse ainda que a Assembléia Legislativa é o único Poder que tem condições de discutir com o povo todos os temas de interesse do Estado. "Esse é o Poder que alimenta e sustenta a democracia. E se depender de mim isso continuará assim por muito tempo ainda", disse.

Apoio de prefeitos

Em relação a reengenharia a ser executada para aglutinar prefeitos e vereadores à sua candidatura ao Senado em outro partido, Riva foi enfático em dizer que irá dialogar com todo o seu "arco de alianças" e que poderá contar com prefeitos de outros partidos, como o PFL e o PPS. "De concreto já conto com o apoio garantido de meus irmãos, os prefeitos de Juara Priminho Riva e de Tabaporã Rogério Riva. Já os conscientizei sobre os benefícios e os possíveis prejuízos que podem ocorrer com a minha saída do PSDB".

Repercussão entre deputados Para o deputado peemedebista Sival Barbosa, a saída de Riva do PSDB tem um grande impacto no quadro sucessório estadual. "As lideranças estão nessa briga em busca de espaço para disputar a majoritária, para isso estão se desfiliando de seus partidos de origem. Isso é importante para se compor um novo quadro de forças", disse Barbosa.

O petista Gilney Viana disse também que a decisão de Riva será um ingrediente novo no quadro estadual. "Já tivemos três mexidas de pedras na política mato-grossense. Primeiro, a saída do prefeito de Cuiabá Roberto França do PSDB. Segundo, do deputado Humberto Bosaipo que deixou o PPS e se filiou ao PL e agora do deputado Riva que poderá deixar o PSDB. A sua saída vai mudar a configuração da disputada política em 2002. Aliás é muito bom que haja uma diversidade de opções para o eleitorado", disse Viana.

O deputado Amador Tut (PL), além de convidar Riva a ingressar no partido, afirmou que a sua liderança no Estado é incontestável. "Riva é uma força política de expressão, seja pelo seu trabalho ou pela sua densidade eleitoral. Não tenho dúvidas de que sua saída do PSDB irá gerar um grande impacto na política do Estado", disse.

Da assessoria

Em 19/09/2001


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