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Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso


Quarta-feira, 9 de março de 2016 17h52


DROGAS

AL instala CST para estudar política de apoio às comunidades terapêuticas

Comunidades fazem um trabalho de terapia ocupacional e de salvar pessoas que tiveram suas vidas destroçadas

MARIA NASCIMENTO TEZOLIN / SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO



Instalação da CST-Comunidades Terapêuticas (Foto: Ronaldo Mazza-ALMT)

Por solicitação do deputado Sebastião Rezende (PR), a Assembleia Legislativa instalou nesta quarta-feira (9) a Câmara Setorial Temática (CST) que tem como objetivo encontrar uma política pública de fortalecimento das Comunidades Terapêuticas (CTs).  “Queremos dar um direcionamento político para que as casas que trabalham no amparo, recuperação e reinserção de pessoas afligidas pelas drogas possam se manter. Essas comunidades fazem um trabalho de terapia ocupacional e de salvar pessoas que tiveram suas vidas destroçadas pelas drogas. O governo precisa reconhecer e apoiar este trabalho”, defende Rezende.

No entendimento do parlamentar, “o governo deveria abrir clínicas especializadas no tratamento da dependência química, mas como isso não tem ocorrido, é importante fortalecer as comunidades terapêuticas. Já a deputada Maria Izaura, que toma posse hoje no Parlamento, disse que “o poder público tem compromisso e obrigação de dar tratamento adequado aos dependentes químicos e, se não o faz, é omisso, porque a droga está destruindo famílias e dando prejuízos ao Estado”.

Sobre a reclamação das comunidades terapêuticas de que, apesar de serem proibidas de fazer internação compulsória, recebem quase que diariamente usuários enviados pela justiça, o superintendente de Políticas sobre Drogas de Mato Grosso, Paulo Roberto Santana, disse que o correto seria que a justiça enviasse essas pessoas para a rede pública e não para as comunidades.  Ainda segundo ele, o governo atual não faz uso de oferta de vagas nas CTs em razão de essas comunidades não apresentarem os pré-requisitos básicos, como qualidade no atendimento e disponibilidade de profissionais da área de saúde.

O presidente da Federação das Comunidades Terapêuticas, Alonso Alcântara Moura, lembrou que o trabalho das comunidades terapêuticas não é medicamentoso, como os atendimentos realizados na rede pública, e que o que se faz é um acolhimento e um trabalho de ressocialização. Ele defende que haja uma política de interação entre as CTs e os órgãos governamentais. “Precisamos de ajuda do governo. Hoje fazemos o trabalho por conta própria, contando com a família e sem nenhuma ajuda dos governos municipal, estadual ou federal”.

Para Alonso, o principal ponto da CST será encontrar uma forma de manutenção dessas comunidades. Entre os entraves citados por ele, estão a Anvisa e a Vigilância Sanitária, que cobram condições além das capacidades. “Tiramos pessoas das ruas, de debaixo dos viadutos, e a Anvisa e a Vigilância Sanitária nos cobram pias de azulejo e sabonete líquido”, criticou.   Ao todo, a federação registra atualmente 108 comunidades terapêuticas em atividade em Mato Grosso, que chegam a receber até 70 internos cada.

A interna Claudine Silva Cipriano, 42 anos, está em recuperação numa comunidade terapêutica evangélica há 30 dias. Ela conta que iniciou o uso de drogas aos 20 anos. Separada e mãe de três  filhos, ela está entrando e saindo do uso de drogas há cinco anos. Já perdeu o marido e os filhos. Agora em recuperação diz que conta somente com o Lar Cristão para se reerguer e voltar para casa. 

Outra interna, Luciana Saldanha Chaer, 45 anos, iniciou o uso de drogas aos 14 anos, com álcool, depois veio a maconha e, por último, qualquer droga que alguém ofertasse. Ela diz que já fez três tratamentos no CRAS, mas teve recaídas. Agora com a comunidade acredita que conseguirá: “eu recebia medicamento, tomava e depois, quando parava, eu voltava para as drogas, mas agora é diferente, estão me mostrando os meus valores e a força espiritual e isso faz diferença.  Agora é uma questão de valores que descobri que tenho, quero voltar a trabalhar, ser gente”, conta.

 A CST das Comunidades Terapêuticas vai se reunir semanalmente, terá 180 dias, podendo ser prorrogada por mais 180, e contará com a presença de diversos órgãos e instituições, como UFMT, Unemat, secretarias de Educação, Saúde, Segurança, Assistência Social e Direitos Humanos do governo estadual, Federação das Comunidades Terapêuticas do Centro Oeste, Ministério Público, Conselhos Regionais de Assistência Social e Psicologia, entre outros. O procurador da Assemblei Gabriel Machado dos Santos Costa será o presidente, e Sérvio Tulio Migueis Jacob será o relator dos trabalhos.


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